Três dos possíveis rivais do prefeito Geraldo Julio (PSB) nas eleições de outubro são deputados estaduais e prometem não dar trégua ao gestor do Recife quando a Assembleia Legislativa abrir os trabalhos no dia 2 de fevereiro. Edilson Silva (Psol), Priscila Krause (DEM) e Silvio Costa Filho (PTB) afirmam que vão confrontar a gestão Paulo Câmara (PSB), mas também tentarão colocar a prefeitura da capital pernambucana na mira.
Responsável pelo Monitora Recife, uma avaliação minuciosa das ações de Geraldo à frente da prefeitura, Priscila Krause diz que não vai centrar fogo no prefeito apenas porque o ano é eleitoral e enfatiza que desempenha essa função desde a época em que era vereadora. “Eu não tirei o Recife do meu foco de atuação. O prefeito está no último ano de governo e precisa ser cobrado”, fala.
Na semana passada, a deputada lançou mais uma etapa do Monitora Recife, listou 293 ações e projetos prometidos por Geraldo e apontou falha na execução em 79% deles. De acordo com a pesquisa feita por Priscila, 15% dos compromissos assumidos pelo prefeito estão atrasados, 15% parados e outros 49% não foram iniciados.
Sem um projeto como o Monitora Recife, o líder da oposição estadual, Silvio Costa Filho, tem procurado atrelar o prefeito a problemas verificados no governo estadual. Ele já cobrou Geraldo Julio por conta dos custos que a Arena Pernambuco tem gerado ao Estado, justificando que o prefeito presidiu o comitê gestor que deu aval ao contrato com a Odebrecht.
Recentemente, Silvio Costa Filho afirmou que Geraldo não pode silenciar sobre o aumento das passagens de ônibus na Região Metropolitana. “A gente vai ampliar a fiscalização nas gestões do PSB. Muitas das ações que foram apresentadas no programa de governo do prefeito dialogam com ações do governo estadual. O projeto de navegabiliade do rio Capibaribe é um deles”, destacou.
Edilson Silva, que estreou na Assembleia em 2015, informou que as críticas à gestão do PSB no Recife não serão novidades com a retomada dos trabalhos no Legislativo. “Já faço um trabalho prático de denúncia em relação às creches municipais. O Recife não tem creche. A prefeitura não tem dado suporte à educação escolar”, declarou.
Para Edilson, nada mais justo que a prefeitura seja alvo de debates e críticas na Assembleia. “O Recife não é qualquer cidade. É um termômetro do Estado, governada pelo mesmo grupo político do governador. Farei a fiscalização e a cobrança porque acredito que o modelo de gestão da prefeitura é essencialmente midiático”, falou.
Longe dos embates na Assembleia, o deputado federal Daniel Coelho (PSDB) acredita que não será prejudicado por atuar na Câmara dos Deputados, em Brasília. “Continuarei fazendo minhas cobranças e hoje as redes sociais nos aproximam muito das pessoas”, argumentou.
O prefeito se mantém longe das polêmicas e sempre procura dizer que o momento é de governar e não de se preocupar com as urnas. A avaliação socialista é que só os opositores lucram com a antecipação do debate eleitoral.
OPOSIÇÃO NO ESTADO - O prefeito Geraldo Julio será lembrado ao longo do ano pela oposição na Assembleia Legislativa, mas isso não quer dizer que os oposicionistas vão dar um descanso ao governador Paulo Câmara. A meta do grupo liderado pelo deputado estadual Silvio Costa Filho (PTB) é retomar o projeto Pernambuco de Verdade, criado em 2015.
Neste primeiro semestre, os oposicionistas pretendem intensificar o calendário de visitas a obras estaduais, a exemplo de hospitais e escolas. O grupo também apostará na convocação de gestores estaduais para audiências públicas. Um dos primeiros a serem chamados será o secretário estadual das Cidades, André de Paula, convidado para falar do reajuste das passagens de ônibus, obras de mobilidade e da implantação da tarifa única.
A Arena Pernambuco também vai ser uma das pautas amplamente exploradas pela oposição. O Estado está estudando se irá rescindir o contrato com a Odebrecht, responsável pela construção do estádio, mas sabe que o tema é delicado.
De acordo com Silvio Costa Filho, o Pernambuco de Verdade foi criado para confrontar a propaganda oficial do governo estadual. “Queremos que as promessas de campanha feitas pelo PSB não fiquem apenas no guia eleitoral e no plano de governo”, argumenta.
A ideia da oposição é que as críticas sejam feitas em bloco, por meio do Pernambuco de Verdade, com viagens pela Região Metropolitana do Recife e interior, mas que haja espaço para embates mais autorais dentro das áreas que os deputados julgaresm mais apropriadas para levarem ao plenário.
Questionado sobre a participação na programa do Pernambuco de Verdade, o deputado Edilson Silva (Psol) disse que não estava ciente do roteiro definido para este primeiro semestre. No entanto, ele garantiu que se juntará aos demais parlamentares do bloco de oposição nas viagens pelo Estado e que vai atuar em “faixa solo” no plenário. “Tenho uma agenda própria do mandato e da comissão que presido (Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular).
A tarefa de encabeçar a defesa do governo caberá, assim como em 2015, ao deputado estadual Waldemar Borges (PSB). Ele lidera a maioria dos 49 parlamentares.