descrença

Recifenses acreditam que a Operação Lava Jato não terá efeito disciplinador para os políticos

Segundo pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, 56,7% dos entrevistados acham que o comportamento dos políticos não irá melhorar

MARCOS OLIVEIRA
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MARCOS OLIVEIRA
Publicado em 23/02/2016 às 7:52
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Segundo pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, 56,7% dos entrevistados acham que o comportamento dos políticos não irá melhorar - FOTO: Foto: JC Imagem
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A Operação Lava Jato, que nessa segunda-feira chegou na sua 23ª fase e vem levando para cadeia políticos e grandes empresários, não deverá ter efeito disciplinador para os políticos brasileiros. Pelo menos é isso que revela uma pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau publicada hoje pelo JC. 56,7% dos entrevistados afirmaram que ação conjunta da Polícia e do Ministério Público Federal não irá melhorar o comportamento dos políticos. Outros 40,7% pensam o oposto e acreditam que a ação deles será afetada, enquanto que 2,6% não souberam ou não responderam ao levantamento feito nos últimos dias 15 e 16. O tamanho das amostras foi de 624 entrevistas na cidade do Recife.

Mesmo com a descrença, a operação é vista como necessária. Disseram apoiá-la 71,8% dos entrevistados, contra 25,9% que afirmaram o oposto. “O apoio é em virtude das ações da Lava Jato. As pessoas analisam que ela está fazendo uma limpeza da política nacional, mas essa certeza não se consolida na confiança de que as mesmas práticas ilícitas investigadas não irão continuar sendo cometidas pelos políticos”, analisa o professor da UFPE e coordenador de pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, Adriano Oliveira. 

Outro ponto tratado no levantamento mostra que boa parte da população ainda tolera o político corrupto. O bordão “rouba, mas faz”, usado na década de 1950, como defesa da candidatura do político paulista Adhemar de Barros, ainda não ficou na história. 

Ao responder “se um político for corrupto, mas trabalhar muito para a população, você vota nele para presidente, governador de Estado ou prefeito da sua cidade?”, 29,3% dos recifenses ainda disseram que “sim”. Mas a grande maioria respondeu que não, pois 69,7% disseram não concordar. 

“O brasileiro é tolerante com a corrupção, não sendo ela algo determinante para o voto de quase 30% das pessoas. Isso não quer dizer que as pessoas apoiem a corrupção. Elas não toleram é que você seja corrupto e não faça nada em prol dela”, pontua Adriano.

DESCRENÇA

No levantamento, 91,8% dos entrevistados afirmaram que não confiam nos políticos, mostrando o amplo desgaste e descrédito com que a população avalia a classe política. Dos poucos 6,4% que disseram confiar, o presidente Lula aparece como o político mais confiável para 73,3% deles, mesmo enfrentando denúncias envolvendo triplex e um sítio em Atibaia (SP) ligados a ele, além da investigação no Ministério Público Federal por tráfico de influência em obras de empreiteiras no exterior.

Muito distante dele, em segundo lugar, figura a presidente Dilma Rousseff, com 7,9%. Ela é seguida pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-SP), pelo deputado federal Daniel Coelho (PSDB), a deputada estadual Priscilla Krause (DEM) e pela ex-senadora Marina Silva (Rede), cada um deles com 2,6%. Não souberam ou não responderam foram 7,9%. 

“O que deve ser visto e analisado aí é o grande número de pessoas que não confiam nos políticos, não a colocação dos que dividiram as citações dos que confiam, pois são muito poucos os que dizem confiar. Temos mais de 90% que dizem não ter confiança. Os constantes casos de corrupção e escândalos envolvendo a classe política acaba afastando, fazendo com que a população não veja os políticos com bons olhos e a classe caia no descrédito”, afirma Adriano, que acredita ser esse mais um desafio a ser enfrentado.

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