A delação do senador Delcídio Amaral, líder do governo até novembro passado, lançou holofotes mais uma vez sobre políticos pernambucanos. Em 2014, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro a firmar acordo de delação premiada e as “bombas políticas” desferidas por ele atingiram velhos conhecidos da política do Estado, como o atual líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT), e os já falecidos ex-governador Eduardo Campos (PSB) e Sérgio Guerra (ex-presidente nacional do PSDB). O depoimento de Delcídio surge como reforço às denúncias de corrupção explicitadas por Paulo Roberto.
Integrante da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o senador Humberto Costa é citado por Delcídio por agir com “desenvoltura” na Refinaria de Abreu e Lima, em Suape. A obra está atrasada e superfaturada.
A relação entre o senador e o empresário pernambucano Mário Beltrão foi citada, mais uma vez, por Delcídio. A relação já havia sido dita pelo ex-presidente da Petrobras. Segundo Delcídio, Humberto “foi parceiro, entre outras empresas, da White Martins, que sempre contribuiu decisivamente para suas campanhas”.
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Na prestação de contas do senador, na campanha ao Senado (2010), não há doação da White Martins, somente da empresa Engeman de Beltrão, que é amigo do petista.
Delcídio também cita que o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência em 2014, Eduardo Campos, fez parte de um sofisticado esquema de propinas envolvendo as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Delcídio afirma que o socialista fez lobby pela subsidiária em Pernambuco da argentina Impsa, cuja inauguração, em maio de 2008, contou com a presença da então presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
A Impsa em Pernambuco foi batizada de Wind Power e inaugurada no complexo industrial e portuário de Suape. Fabricante de equipamentos eólicos e turbinas, a empresa de fato fechou uma encomenda de R$ 800 milhões para Belo Monte, mas depois enfrentou dificuldades financeiras, teve o contrato cancelado e foi à falência.
Sobre o tucano Sérgio Guerra, que faleceu em março de 2014, Delcídio afirmou que havia na CPI da Petrobras, a qual o ex-senador fez parte, uma espécie de “pedágio” para proteger empresários envolvidos em esquemas fraudulentos. “Parlamentares diziam gue precisavam de dinheiro para campanha”, explicou o ex-líder do governo. Guerra já foi citado em outras duas delações. As duas primeiras foram de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e do doleiro Alberto Youssef.
Em nota, enviada por sua assessoria, o senador Humberto Costa minimiza a delação de Delcídio comparando-a com a de Paulo Roberto, “que já alterou seis vezes o teor das inverídicas acusações contra ele”. Segundo a nota, a White Martins jamais contribuiu com qualquer campanha eleitoral disputada por Humberto.
Já o PSDB afirmou que defende que todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, “independentemente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupem.
O empresário Mário Beltrão foi procurado para comentar a delação, mas não respondeu aos telefonemas.
No fim da noite desta quarta, o PSB enviou nota à imprensa, assinada pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, em que repudia "toda e qualquer tentativa de envolver o ex-governador Eduardo Campos em práticas irregulares.
"Como poderá verificar quem se der o trabalho de ler, não há na delação premiada do senador Delcídio qualquer denúncia de prática irregular por parte de Eduardo. Se ele, em algum momento, tratou com um senador da república sobre a possibilidade de um grupo empresarial instalado no estado habilitar-se a participar de um programa estatal, fez isso com o único propósito de garantir atividade econômica e geração de renda para a população de Pernambuco", afirmou Siqueira.
LEIA A ÍNTEGRA DA DELAÇÃO: