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Política, futebol e nudes: o que circula pelo WhatsApp dos deputados estaduais de Pernambuco

Na Alepe, aplicativo é usado para fazer política, marcar peladas e compartilhar memes

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 03/04/2016 às 7:30
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Na Alepe, aplicativo é usado para fazer política, marcar peladas e compartilhar memes - FOTO: Foto: reprodução da Internet
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De projetos de lei a jogo de futebol, quase tudo o que acontece na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) passa pelo What’sApp dos 49 deputados estaduais. Popular, a ferramenta passou a ser utilizada diariamente pelos parlamentares, inclusive no plenário, como arma do debate político, mas também como forma de distração e para compartilhar piadas do meio político.

No grupo da Bancada do Governo, por exemplo, charges e memes sobre o ex-presidente Lula (PT) e a crise no governo federal viraram tendência nos últimos dias. No dia-a-dia, os próprios deputados estaduais costumam ser os alvos das brincadeiras dos colegas. Quando dois pré-candidatos a prefeito na mesma cidade sentam lado a lado, um terceiro deputado sempre tira um xiste. Também rola brincadeira quando Romário Dias (PTB), que não esconde o desejo de voltar a presidir a Casa, cita o Estatuto à Mesa Diretora no plenário.

O aplicativo também serve a propósitos políticos. No grupo Nova Oposição, que reúne os deputados contra o governo, é comum que os parlamentares avisem previamente sobre quais temas vão discursar no plenário, permitindo que os colegas preparem apartes, coordenando a cobrança. Dentro do projeto Pernambuco de Verdade, os oposicionistas também disponibilizam publicamente um número para que qualquer cidadão envie denúncias sobre o Estado: (81) 99296.9022.

Os governistas não ficam atrás. Pelo What’sApp, parlamentares conversam diretamente com secretários estaduais para levantar dados e respostas para rebater as queixas da oposição. Como a Casa tem três pré-candidatos de oposição à Prefeitura do Recife - Edilson Silva (PSOL), Priscila Krause (DEM) e Silvio Costa Filho (PRB) - um grupo a parte foi criado para reunir deputados e figuras da gestão Geraldo Julio (PSB) e municiar reação governista às críticas ao município.

Como os grupos têm função estratégica, a janela partidária também causou mudanças no What’sApp da Casa. Deputados entraram e saíram dos grupos do governo e da oposição. Até o da bancada do PSB, chamado de Espaço Democrático, sofreu a baixa de Raquel Lyra (PSDB), pré-candidata em Caruaru, no Agreste. O troca-troca também virou brincadeira, com piadas como “Paulo Câmara saiu do grupo”.

Mas o aplicativo também promove a união. No grupo Pelada Alepe, que conta inclusive com ex-deputados, parlamentares do governo e da oposição marcam o tradicional jogo de futebol semanal da Casa, no campo do Sindifisco, na Rua da Aurora. Em um grupo menor, com alguns deputados homens, às vezes há quem poste um conteúdo mais adulto, para reclamação de um parlamentar evangélico. Por engano, um ex-parlamentar já postou uma foto íntima no meio de uma discussão em um dos grupos da Casa.

Todas as comissões da Alepe também têm seu grupo, onde são marcadas reuniões, debatidos projetos e avisado sobre audiências públicas. A bancada evangélica já cogitou criar um grupo separado para ajudar a coordenar a ação, mas as discussões continuam ocorrendo pessoalmente. Grande articulador da Casa, o presidente Guilherme Uchoa (PDT) é um dos poucos a não ter o aplicativo.

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