Ao longo desta semana, mobilizações contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) foram realizadas em várias partes do País, incluindo Pernambuco. A partir de hoje – data em que se inicia a discussão do processo na Câmara dos Deputados – integrantes da Frente Brasil Popular montarão acampamento permanente na Praça do Derby, área Central do Recife.
A Frente reúne centrais sindicais e membros de movimentos sociais. O movimento vai se estender até o domingo pela manhã. À tarde, a frente acompanha a votação no Marco Zero – reduto histórico do Partido dos Trabalhadores no Recife. Já os favoráveis à deposição da petista montarão telões no Segundo Jardim de Boa Viagem, Zona Sul, para acompanhar a sessão do Congresso.
Além do acampamento, as mobilizações da Frente incluem panfletagem contra o afastamento da presidente na porta de faculdades do centro e atos no câmpus da UFPE, na Cidade Universitária. Para o presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras, a forma de enfrentar o movimento contra Dilma é nas ruas. Além disso, ele diz, “estamos mandando cartas, fazendo ligações e enviando mensagens para os deputados votarem a favor da democracia e contra o golpe.”
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros, também integra a Frente pró-Dilma e afirma que os movimentos também se espraiam pelo interior do Estado. Ele passou a semana percorrendo cidades do Sertão ao Litoral e encerrou ontem atividades na Zona da Mata. No domingo, ele disse que haverá atos a favor do governo em Ouricuri, no Sertão.
Sobre o momento político, ele pontua que a oposição “nunca se conformou com a derrota nas urnas”. “Vejo como tentativa clara de golpe. A crise que vemos aí é resultado da ação deliberada da política praticada no Congresso, um dos mais conservadores dos últimos tempos”, atacou. “Eduardo Cunha não tem nenhuma legitimidade do ponto de vista da opinião pública e vai tocando as coisas do jeito que quer”, criticou Doriel.
Questionado se existe mobilização do partido para pressionar parlamentares que são favoráveis ao impeachment, o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, afirmou que não há nada articulado, mas a militância faz cobranças de forma espontânea. Ele criticou a postura dos movimentos contra Dilma de tentar constranger parlamentares que defendem a petista. “Para quem quer violar a Constituição, privacidade e família não valem nada”, grifou ele, em referência aos protestos feitos por militantes na porta da casa de deputados.
Na lista das manifestações a favor de Dilma, artistas que vivenciaram a ditadura militar, como João Donato, se uniram aos que passaram pelas redemocratização, caso do paraibano Chico César, e artistas da nova geração e divulgaram esta semana a “música pela democracia”, cujo refrão diz “não não golpe não / quem não teve voto tem de respeitar / não não golpe não / nossa voz na rua vem para lutar”. Na terça, artistas se reuniram no Rio em evento pró-Dilma.
ESTRADAS
No bojo das articulações, a Frente não descarta fechar estradas em vários Estados brasileiros. Carlos Veras não confirmou que haverá movimentos do tipo em Pernambuco, mas explicou que “todas as formas de mobilização e protesto estão previstas”. “Pode ser que alguém ache necessário fazer essa atividade, mas o que está previsto é o acampamento”, disse.