Muros ideológicos separam manifestantes no Recife

O Recife se dividiu neste domingo (17) em dois extremos. De um lado, no Bairro do Recife, os manifestantes a favor da presidente Dilma Rousseff (PT) fizeram ato com várias manifestações culturais, com direito à frevo e maracatu. No Segundo Jardim de Boa Viagem, na Zona Sul, os grupos contra o governo do PT e da presidente acompanharam a votação por telões instalados na praça.

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Tanto de um lado quanto do outro, os discursos dos que pensavam contrário foram abafados. No Vem Pra Rua, os manifestavam gritavam "Fora Dilma//Fora PT//Fora Lula" e puxavam palavras de ordem durante os discursos. Alguns vaiavam deputados sem sequer saber se ele era a favor ou contra, somente por algum elemento que remetesse ao PT, como a cor da gravata. No Marco Zero, o som era silenciado à medida que os deputados pró-impeachment se pronunciavam e se seguiam discursos de membros dos movimentos sociais. 

No Bairro do Recife, gritos contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o vice-presidente Michel Temer foram ecoados na Avenida Rio Branco, onde um palco e um telão estavam montados para o ato. Segundo a CUT, 50 mil pessoas compareceram à manifestação. No momento em que o líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PTdoB-PE) discursava, gritos eufóricos tomavam conta das pessoas. 

O deputado estadual Edilson Silva (PSOL) afirmou que a expectativa é de que o impeachment não seja aprovado na Câmara Federal. "Nós, do PSOL, estamos nos juntando em defesa da democracia", afirmou. O presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, faz coro ao deputado. " Essa será a segunda vitória da democracia. A primeira foi em 2014, quando 54 milhões de brasileiros elegeram Dilma", afirmou.

Na Avenida Boa Viagem, foram vistos poucos políticos. A deputada estadual Priscila Krause (DEM) marcou presença na votação. Pré-candidata à Prefeitura do Recife, a democrata foi abordada por eleitores e posou para fotos. Para ela, expectativa é que o impedimento seja aprovado. Mas a democrata avaliou que não se pode esperar milagres, mas a retomada do equilíbrios econômico com um novo governo. Os tucanos Terezinha Nunes e Antônio Moraes, presidente estadual do PSDB, também acompanhou o ato. 

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“Não podemos esperar milagre porque milagre não vai acontecer. O que vamos esperar é a arrumação do País e que o próximo governo seja de transição, pra arrumar a casa para as medidas necessárias, pra que o Brasil retome o equilíbrio econômico, dê estabilidade, volte a crescer e arrume o Brasil para as Eleições de 2018”, disse a parlamentar. 

Em Boa Viagem, o clima era tranquilo. Ambulantes vendiam cerveja, "pixulecos" e bandeiras do Brasil. Na hora da votação, o telão tornou-se o centro das atenções. E a cada parlamentar a favor do impeachment seguiam-se muitos gritos. O clima parecia final de campeonato de futebol. As selfies também imperaram entre os manifestantes. Muitos fizeram questões de registrar o momento com o telão de plano de fundo.

Em nota, a assessoria da Polícia Militar estimou públicos idênticos para os dois eventos, sendo três mil pessoas em cada um dos eventos.