Em meio à indefinição do PSB sobre participação no eventual governo do vice-presidente Michel Temer, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), defende que a sigla não faça parte da gestão. Semelhante ao posicionamento do governador Paulo Câmara, o prefeito é a favor de novas eleições.
"A gente tem essa posição. O partido assumiu isso na comissão executiva e colocou isso, anunciou, e eu sempre tive essa posição. Falei isso desde dezembro do ano passado", afirmou o socialista, após assinatura de convênio com Hospital do Câncer, que vai gerenciar o Hospital da Mulher do Recife.
Existe uma divisão dentro do partido sobre o ingresso no governo do PMDB. Há os que querem fazer parte do novo governo e há os resistentes a aceitar ministérios. Em Pernambuco, toda a bancada do PSB - formada por cinco parlamentares - votaram a favor do impeachment. O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) também é favorável ao impedimento de Dilma.
PSB está dividido de novo. Agora é sobre participação em um eventual governo Michel Temer
Segundo Geraldo, a maioria do partido já se posicionou, individualmente, pela não participação no governo de transição. A sigla tinha marcado reunião nesta quinta-feira (28) para definir a situação, mas o encontro foi adiado.
"Acho que a gente não deve participar do governo, minha opinião é essa. Devemos apoiar naquilo que seja importante para o País", afirmou Geraldo.
Para o socialista, diante da crise instalada no Brasil, é necessário um "presidente com a legitimidade da população", no caso através dos votos. "A gente acha que o País precisa ter um presidente para fazer as mudanças que precisamos e para recolocar o governo nos trilhos. Então, a gente acha que um presidente eleito pela população pode conseguir essa força política e fazer essas transformações", analisou o prefeito.
Nessa terça-feira (26), em entrevista ao interino da coluna Pinga-Fogo, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, explicou a divisão do partido.
“Ouvi muita gente do partido e resolvi adiar a reunião e convocar outra. Mas não sei a data da próxima. Vou decidir ainda porque precisa amadurecer um pouco a ideia… na verdade, a reunião seria para examinar esse tema relacionando esse novo cenário com o futuro do iminente governo Michel Temer… qual seria a nossa posição, se participar, se não participar. Há um grupo que acha que deve, outro grupo que acha que não deve. Achei que precisava de mais tempo para administrar isso e ouvir todo mundo”, explicou Siqueira.
Essa não é a primeira vez que o PSB fica dividido em relação a um assunto relevante para o partido. Os dirigentes socialistas demoraram a oficializar que iam deixar a posição de independência ao governo Dilma Rousseff (PT) para integrar a oposição. Reuniões foram marcadas e desmarcadas diversas vezes.