Depois de esperar quase um mês por uma audiência com o governador Paulo Câmara (PSB) que ainda não foi marcada, a Comissão de Acompanhamento aos Casos de Microcefalia da Assembleia Legislativa de Pernambuco resolveu divulgar nesta quarta (18/05) à imprensa os resultados dos três primeiros meses de trabalho. Embora reconheça a implantação de ações na rede estadual voltadas aos bebês com a malformação, os deputados constataram uma série de dificuldades e a necessidade de implantação e descentralização de atendimento às famílias vítimas da sequela do zika vírus.
“Antes de expor à imprensa, tentamos de todas as maneiras entregar em mãos, ao governador, esse documento tão importante para a melhoria da qualidade de atendimento, mas não obtivemos resposta da chefia de gabinete. Tentamos também marcar esse encontro por meio de vários deputados da casa e não conseguimos”, contou a deputada Socorro Pimentel (PSL), presidente da comissão e que se disse frustrada com a situação. “Já deveríamos estar fazendo novas visitas num Estado que protagoniza uma situação tão penosa. Faltou respeito ao Legislativo, comprometido com os eleitores, as pessoas que são representadas por nós. Temos seis deputados da base do governo e quatro de oposição no grupo. Em nenhum momento usamos a comissão como palanque político”, desabafou.
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No relatório, a comissão relata a demora no acesso a exames, atraso no repasse de recursos a serviços de referência, além de sugerir a inclusão de pediatras no Saúde da Família, tendo em vista o acompanhamento prolongado dos sequelados e urgente descentralização dos serviços de neuropediatria e reabilitação. Na segunda etapa ( a Comissão de Microcefalia foi prorrogada por mais três meses), a partir de junho, o grupo vai realizar mais visitas ao interior.
O relatório foi enviado ao Palácio do Campo das Princesas e deve seguir ao Ministério Público. É interesse também encaminhar o material aos representantes do Legislativo Federal e à Associação Municipalista de Pernambuco, para que possa auxiliar os prefeitos a qualificar a atenção na área. Socorro Pimentel espera que nessa hora de crise, Estado, União e municípios não esqueçam a prioridade que a saúde merece.