Esperado desde 2013, o empréstimo milionário da Prefeitura do Recife com o Banco Mundial (Bird), considerado essencial para turbinar as ações do prefeito Geraldo Julio (PSB), candidato à reeleição, deve ficar para o próximo ano. Uma combinação de três fatores pode retardar ainda mais o repasse de US$ 220 milhões (algo em torno de R$ 770 milhões). Nem mesmo a manobra feita por Geraldo ao enviar a Brasília um representante para cuidar pessoalmente das operações de crédito conseguiu driblar os prazos eleitorais apertados e os efeitos adversos causados pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e um governo interino ainda tomando fôlego para tocar o País.
Pela lei eleitoral, o empréstimo só pode ser liberado até junho, a 120 dias das eleições municipais. O socialista contava com o repasse para tocar obras e entregar promessas no ano eleitoral. Nos bastidores, o sentimento é de que o repasse não sairá mais este ano.
A tentativa de viabilizar o contrato se desdobra desde o primeiro ano da gestão. Mas, em agosto do ano passado, a União suspendeu todas as operações de crédito e só retomou no fim do ano. Quando a Comissão de Financiamento Externo (Cofiex), do Ministério do Planejamento, aprovou 17 projetos no Brasil, a expectativa era que o repasse para o Recife poderia sair no primeiro semestre deste ano. Porém, até o momento não houve sinalização. O empréstimo do Recife é o segundo maior do País e perde apenas para Fortaleza. A quantia é uma espécie de "cheque em branco" e pode ser usada em qualquer ação do programa de governo.
A reportagem tentou conversar com o coordenador do gabinete de representação da Prefeitura do Recife em Brasília, Antônio Barbosa, mas não conseguiu. Em nota, a prefeitura pontuou os passos percorridos em busca da liberação e disse que "atualmente, o município continua no trabalho referente à captação, buscando as aprovações perante o Banco Mundial e aos diversos órgãos do Governo Federal".
JABOATÃO
Semelhante à capital, o município chefiado pelo tucano Elias Gomes (PSDB) também aguarda empréstimo de US$ 57 milhões. Mas, ao contrário de Geraldo, Elias não tem pela frente o desafio da reeleição. O empréstimo solicitado ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) será empregado na reconstrução do parque linear, etapa seguinte ao processo de engorda da orla.
À frente do processo, a secretária municipal da Fazenda e do Planejamento, Mirtes Cordeiro, cotada para sucessão de Elias, demonstra otimismo e diz que o empréstimo está adiantado e falta somente aprovação no Senado.
"Estamos com tudo dentro do prazo. Já assinamos e demos os encaminhamentos ao banco e ao Tesouro Nacional. Agora, só aguardamos que o Tesouro mande para o Senado e a liberação é imediata. Encaminhamos tudo que foi exigido. Estamos com tudo dentro do prazo, a não ser que o governo não mande para o Senado em tempo hábil", explicou.