contra a corrupção

Grupo de intelectuais pernambucano quer agilizar tramitação das 10 Medidas de Combate à Corrupção

Movimento pela Ética na Política faz reuniões quinzenais para discutir corrupção, crise política e econômica do país

Paulo Veras
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Publicado em 29/05/2016 às 8:00
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Um grupo de intelectuais baseado no Recife vai procurar parlamentares de diversos partidos, principalmente da bancada de Pernambuco, para tentar agilizar a tramitação do projeto de 10 Medidas Contra a Corrupção, que nasceu da Força Tarefa da Lava Jato e busca criar novos mecanismos de combate à corrupção no país. Para o Movimento pela Ética na Política, que reúne economistas, juristas e políticos pernambucanos, a proposta de iniciativa popular é fundamental para o momento político conturbado brasileiro.

“Dois milhões de assinaturas não são uma coisa trivial. Se a Constituição dá o poder da iniciativa popular de formular projetos de lei e diz que eles têm prioridade, é preciso cumprir a Constituição”, explica o sociólogo José Arlindo Soares, um dos fundadores do movimento. “Nesse momento, que trouxe à luz várias informações de que havia nos bastidores tentativas de sabotar a lei, nós achamos que a melhor resposta que a democracia dá é colocar essa proposta em tramitação”, defende.

A articulação deve começar por deputados que participaram de alguns encontros do grupo para discutir a crise nacional e a reforma política, como Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Tadeu Alencar (PSB). O objetivo, porém, é expandir os contatos o máximo possível. Cada parlamentar deve receber um documento com uma argumentação explicando porque da importância de fazer a proposta avançar no Congresso.

“A gente pode encaminhar a argumentação para todos os deputados de Pernambuco e até de outros estados, já que há integrantes do grupo que moram em outras cidades do país”, conta o engenheiro e doutor em Psicologia Aécio Gomes de Matos, um dos coordenadores do movimento. “Tem alguns deputados que a gente tem uma ligação mais próximas. Eles podem abrir os canais”, adianta.

O pacote de projetos foi entregue ao Congresso no final de março, junto com as mais de 2 milhões de assinaturas coletadas pelo Ministério Público Federal e entidades parcerias. “Sei que tem muita dificuldade na tramitação dessas medidas. Eu não tenho a ilusão de que o projeto vai ser aprovado imediatamente. A nossa intenção é que o Congresso saiba que a sociedade está de olho. A lei não pode cair no esquecimento”, justifica José Arlindo.

MOVIMENTO - O Movimento Pela Ética na Política surgiu há quase um ano com o objetivo de debater saídas para a crise política no país. A primeira reunião aconteceu na casa de Aécio Gomes de Matos, no bairro de Aldeia, em Camaragibe. Era uma referência ao fato de as mesmas figuras se reunirem na mesma região nos anos 70 para debater estratégias para a esquerda e para movimentos como o Diretas Já.

Em setembro, o movimento ganhou um site, a principal plataforma para divulgação dos textos e depoimentos, e um manifesto defendendo a necessidade de mobilização política dos cidadãos, que deve ser atualizado para se adequar ao cenário político atual e abordar a falta de diálogo entre grupos pró e contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

“O que a gente está fazendo é resgatar a própria militância da gente dos anos 70. Existem militantes, como Jarbas e Raul, que enveredaram pelo caminho político. Outros, como eu, viraram professores. E há outros que se integraram ao grupo”, diz Aécio Gomes de Matos.

Hoje, as reuniões costumam ocorrer a cada duas semanas. Mas o grupo tem mudado sua atuação. Quer ampliar os debates e o primeiro foco já está acertado. Nos próximos dias, um seminário sobre economia, coordenado pelo professor Jorge Jatobá, sócio da consultoria Ceplan, deve debater os efeitos das políticas econômicas já anunciadas pelo governo do presidente interino Michel Temer (PMDB).

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