fraudes

Polícia encontra R$ 1,3 milhão com prefeito de Catende e o filho dele

Detalhes da Operação Tsunami foram apresentadas pela Polícia Civil

Mariana Araújo
Cadastrado por
Mariana Araújo
Publicado em 03/06/2016 às 12:44
Foto: Mariana Araújo/Especial para o JC
Detalhes da Operação Tsunami foram apresentadas pela Polícia Civil - FOTO: Foto: Mariana Araújo/Especial para o JC
Leitura:

A Polícia Civil encontrou R$ 1,3 milhão em poder do prefeito de Catende, Otacpilio Cordeiro (PSB), e do filho dele, Ronaldo Cordeiro, secretário de finanças do município. Do montante, R$ 758,4 mil foram encontrados em uma gaveta, na casa do gestor, e R$ 438,7 mil no posto de gasolina admnistrado pela nora do prefeito, esposa de Ronaldo. Com o gestor, também foi encontrada uma barra de ouro estimada em R$ 40 mil. A Operação Tsunami encontrou diversas fraudes em licitações. O prefeito, o filho, a nora e outras oito pessoas permanecem detidas. Os detalhes da operação foram repassados na manhã desta sexta (03).

As fraudes investigadas são de seis contratos de licitação feitas nos anos de 2011 e 2012. No entanto, os documentos apreendidos podem indicar outras situações de irregularidades. As investigações começaram em outubro do ano passado, através de uma ação da Procuradoria Geral de Justiça, que encaminhou denúncia ao Tribunal de Justiça (TJPE). Os desvios de verbas são oriundas de convênios com o governo do Estado e da própria Prefeitura. 

De acordo com a delegada Patrícia Domingos, a nora do prfeito é sócia de um posto de gasolina na cidade, que venceu todas as licitações da prefeitura. O negócio já pertenceu ao prefeito. "Esse posto teria ganho licitações onde não teria tido nenhum concorrente, ou seja, licitações desertas. O ordenador de despesas era o prefeito, tendo como secretário de finanças o filho dele", disse a delegada Patrícia Domingos. 

A Polícia explicou, ainda, que há alguns anos, o posto estava arrendado para dois homens, Alberto Soares da Silva, que ainda constra como sócio, e um homem chamado Florisval, que faleceu. "Meses após o seu falecimento, Florisval assina a alteração do contrato, transferindo 50% da sua sociedade para Andreza Pais da Silva, a nora do prefeito", explicou a delegada. Florisval era caseiro na fazenda Santo Antônio, de propriedade do prefeito. Inclusive, ele faleceu de causas naturais na propriedade. 

Outro contrato analisado diz repseito a uma pessoa física que não possui um dos braços e foi contratada para fazer um forro no teto de escolas. "A própria pessoa afirma que não prestou esse serviço", disse a delegada. Em outro contrato, foram pagas palestras sobre ciência e tecnologia a uma mulher que é analfabeta funcional. "É uma senhora que não consegue diferenciar um mouse de um teclado. Ela realmente não tem conhecimento nenhum nessa área", exemplificou a delegada. Outro contrato foi firmado com um armarinho, que teria ganho uma licitação para fornecimento de cartuchos de impressoras e alimentos para escolas, mas o estabelecimento não fornece esse tipo de material. 

A Polícia investigou ainda a situação de uma empresa de eventos, como shows e palestras, que ganhou também a licitação para realizar a limpeza do açougue público, limpeza municipal e manutenção de empresas de informática. A empresa possui apenas um funcionário. 

No depoimento, o prefeito se declarou inocente. "Ele não se diz conhecedor dessas licitações, embora seja o ordenador de despesas, mas alega que não particiou de nenhuma fraude", disse Patrícia Domingos. Apenas nos contratos investigados, o prejuízo chega a R$ 5 milhões. "Todos os investigados tiveram uma evolução patrimonial totalmente incompatível com sua renda declarada à Receita Federal. Então, a gente acaba ligando esse crescimento patrimonial aos valores públicos", acrescentou. Por ser secretário de finanças, Ronaldo Cordeiro, filho do prefeito, é o responsável pelo empenho e pagamento desses contratos. 

As investigações prosseguem e há outros contratos que podem ser analisados. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de realizar novas prisões. Os documentos apreendidos trazem licitações de outros anos da gestão, que também podem indicar novas fraudes. 

Também foram presos Glaucione Melo Lins, Cícera Silva Gouveia de Melo, Eduardo Silva de Menezes e Renata Francisco da Silva, todos membros da Comissão de Licitação da Prefeitura nos anos de 2011 e 2012. Apenas Eduardo não segue no cargo atualmente. Foram detidos, ainda, os empresários de eventos Frederyco Alexandre Coelho Figueiredo e Clibson Pergentino de Almeida, acusados de participações em fraudes nos contratos. A lista de detidos inclui, ainda, o sócio do posto de gasolina, Alberto Soares da Silva e o ex-funcionário da Prefeitura de Catende, Ivo José de Santana. O caseiro da fazenda do prefeito, Jorge Pedro Marcelino, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma. 

Os homens detidos foram levados para o Cotel e as mulheres para Colônia Penal Feminina do Recife. Todos irão responder por lavagem de dinheiro, peculato, falsificação de documento, uso de documento falsificado e organização crimimosa. Além do dinheiro, foram apreendidas sete espingardas, um rifle, dois revólveres, duas pistolas e 170 munições. 

CASA

A casa do prefeito Otacílio Cordeiro, de dois pavimentos, chamou a atenção dos policiais. "No térreo, nós vimos uma casa bastante humilde, com mobília simples, sem nenhum tipo luxo. O prefeito alegou que o primeiro andar era alugado para um 'casal de velhos', embora a escada de acesso seja dentro da casa. Ao subirmos, nos deparamos com uma casa extramente bem mobiliada, requintada, com móveis de alto padrão. Dentro da casa, localizamos diversos porta-retratos com fotos do prefeito e da esposa, o que nos dá a clara dimensão que a casa de cima também pertencem ao mesmo", relatou a delegada Patrícia Domingos. 

No andar térreo, ele tinha um escritório onde recebia eleitores. Também foram localizadas senhas que seriam de distribuição de dinheiro para a popualçao. A origem das doações seria o próprio salário. 

Sobre o dinheiro, o valor de R$ 758,4 mil foi encontrado dentro de uma gaveta trancada. "Ao abrirmos, nos deparamos com a quantia. O perefeito disse que não se recordava desse valor", acrescentou. 


Últimas notícias