Com informações da repórter Renata Monteiro
A Polícia Civil deixou o motel onde estava o corpo do empresário Paulo César de Barros Morato, foragido da Operação Turbulência, sem dar informações à imprensa. Estavam no local a delegada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Gleide Ângelo, e a perita Vanja Coelho. As duas são consideradas parte da "elite" da Polícia Civil do Estado. O corpo foi removido do local por volta das 22h40.
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A delegada deixou o local com um pacote na mão, sem informar o conteúdo. Informou à imprensa que não poderia conceder nenhuma entrevista nesta quarta (22) sobre o assunto. A perita também comunicou a mesma coisa.
No entanto, a reportagem do JC apurou que, com o corpo de Paulo César Morato, foi encontrada uma quantia em dinheiro, o que pode indicar que ele estava se preparando para fugir. O valor não foi informado.
O corpo também foi encontrado urinado e defecado, indícios de que ele tenha sofrido um ataque cardíaco. Funcionários do motel chamaram a Polícia.
Morato é apontado pela Polícia Federal de ser o proprietário da empresa de terraplenagem Câmara & Vasconcelos, acusada de lavagem de dinheiro e com participação da compra do avião do Cessna Citation PR-AFA, que servia de transporte do ex-governador Eduardo Campos (PSB) durante a campanha presidencial de 2014.
PRISÕES - Os empresários Apolo Santana Vieira (dono da empresa Bandeirantes Companhia Pneus), Arthur Roberto Lapa Rosal, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho (filho do ex-deputado socialista Luiz Piauhylino) e Eduardo Freire Bezerra Leite foram alvos de mandados de prisão preventiva.
Os dois primeiros foram detidos no Recife, Apolo Santana estava malhando em uma academia no momento da prisão. Os outros dois foram localizados quando desembarcavam em São Paulo e foram transportados para o Recife.
A OPERAÇÃO TURBULÊNCIA - Na última terça (21), a Polícia Federal cumpriu quatro mandados de prisão preventiva contra suspeitos de integrar um esquema de lavagem de dinheiro. Empresas de fachada, constituídas em nome de 'laranjas', teriam movimentado ilegalmente mais de R$ 600 milhões desde 2010.
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Segundo investigações da Polícia Federal, o montante adquirido no esquema de lavagem de dinheiro teria financiado campanhas de Eduardo Campos (PSB), inclusive a da presidência da República, em 2014. Em resposta às acusações, o PSB negou que tenha cometido algum tipo de ato ilícito. O senador Fernando Bezerra Coelho, que também teve o seu nome ligado às investigações, repudiou qualquer tipo de ligação com a Operação Turbulência.
A investigação teve início a partir de análises de movimentações financeiras de empresas envolvidas na aquisição da aeronave que transportava o ex-governador Eduardo Campos em seu acidente fatal.