Há poucas certezas no ambiente político de Brasília. Uma delas é de que o final de semana está sendo marcado por uma intensa articulação por conta da escolha do novo presidente da Câmara Federal. A tendência é que a disputa se concentre em duas candidaturas. Uma será ligada ao chamado Centrão, grupo que reúne integrantes do PMDB, PP, PR, PSD, PROS, PSC, SD, entre outros partidos. Do outro lado, PT, PSDB, DEM, PCdoB, PSB, Rede, PPS e PCdoB podem somar forças.
Os nomes dos possíveis candidatos já começaram a aparecer e muitos deputados começaram a fazer campanha. Em que pesa a apresentação de candidaturas, o discurso em Brasília é de que o momento pede mais um debate sobre o perfil do novo presidente da Câmara e menos a definição de um nome.
Cotado como candidato à presidência da Casa, Júlio Delgado (PSB-MG) adota cautela. “Sou lembrado porque disputei contra Cunha a presidência da Câmara em 2015. Eu não me retiro e nem me coloco na disputa, mas essa conversa agora deve ser sobre o perfil. A Câmara não pode eleger um preposto de Eduardo Cunha”, declarou.
Os deputados federais de Pernambuco também evitam falar em nomes. “Quero apoiar alguém em cima de critério e não de nome. Não aceito os que estão enrolados na Justiça”, apontou Daniel Coelho (PSDB).
Para Tadeu Alencar (PSB), o debate une legendas que rotineiramente estão em lados opostos. “Essa não é uma questão partidária. O nosso partido tem bons nomes como Júlio Delgado e Heráclito Fortes (PI), mas não precisa ser um nome do PSB. Iimportante é que seja alguém que tenha respeitabilidade”, opina. Ele classifica a eleição como uma “massa complexa de disputa” em que um parlamentar do PT pode votar em Rodrigo Maia, do DEM-RJ. “A eleição pode não ter muita homogeneidade”, ressalta.
Outro integrante do PSB, Danilo Cabral afirma que a disputa não será fácil e destaca a disputa contra o Centrão. “Chance zero de votar no Centrão”, diz, sobre o PSB e demais partidos que não integram o grupo. Ele diz que não há um nome que seja unanimidade e lembra uma disputa passada quando o eleito foi um deputado que não estava entre os mais cotados. “Aldo Rebelo (PCdoB-SP), no passado, juntou todo mundo”, recorda.
Enquanto a escolha do nome não ocorre, as conversas prosseguem. “Não estamos discutindo nomes, mas teses. Tem que ser um deputado ficha limpa e que não seja ligado a Cunha. Não pode ser do PSDB e também não pode ser do PT”, diz Silvio Costa (PTdoB), sobre os partidos que mais rivalizaram nás últimas décadas.