ENTREVISTA

G8 do impeachment tentou dialogar com base de Dilma, conta Heráclito Fortes, mentor do grupo

Deputado do Piauí conta que encontros nasceram da insatisfação na Câmara dos Deputados e que parlamentares discutiram saídas para o Brasil

Marcela Balbino
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Marcela Balbino
Publicado em 17/07/2016 às 11:17
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Deputado do Piauí conta que encontros nasceram da insatisfação na Câmara dos Deputados e que parlamentares discutiram saídas para o Brasil - FOTO: Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
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Após quatro anos no ostracismo, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) viu seu poder político definhar nas gestões do PT. Na volta à Câmara, articulou encontros na própria casa e debateu temas cruciais, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Dos jantares à deposição de Dilma, o G-8 projetou figuras políticas antes na oposição. Em entrevista ao Jornal do Commercio, ele conta detalhes das articulações e explica que, no início, tentou diálogo com  base de Dilma, mas que tratativas foram em vão.

JORNAL DO COMMERCIO - O que motivou a criação desse grupo?
HERÁCLITO FORTES - Sou de uma escola política que valoriza a conversa. Depois de quatro anos fora da Câmara, me senti angustiado com a falta de diálogo entre os parlamentares, inclusive os de oposição e aí juntei um grupo. Então, comecei a fazer os encontros na minha casa, porque tinha mais espaço que os apartamentos funcionais. Mas você precisa entender que isso não é um bloco partidário, mas um grupo de pessoas que pensam em defesa do legislativo. As conversas se iniciaram com parlamentares, inclusive do PT, da base do governo, mas o o foco maior era com membros do PT. Fizemos umas quatro reuniões, mas ocorre que não havia nenhum resultado nas conversas. Por mais que os deputados tentassem, havia uma barreira de falta de diálogo no Palácio. A Dilma era impenetrável e o Mercadante pior ainda. O Mercadante chutava o pau na barraca e não queria diálogo. Os próprios deputados foram ficando aflitos. Quando víamos que não era possível, nós começamos a buscar outros canais. Começamos a discutir a parte econômica, a parte jurídica. Teve momentos que chamamos juristas. Armínio Fraga para discutir matérias econômicas. O Geraldo Alckmin, Aécio Neves e por aí afora. Foi uma tarefa artesanal, não foi fácil, mas persistimos.

JC- Quem eram os principais articuladores?

HERÁCLITO - O núcleo central, o G8, era sempre o mesmo, mas a cada reunião agregávamos mais gente. Éramos eu, Jarbas Vasconcelos, Bruno Araújo, Mendonça Filho, Rodrigo Maia, Osmar Terra, Raul Jungmann. Por exemplo, se alguém vazasse, não era chamado uma segunda vez. O vazamento para nós era cruel e fatal naquele momento e por aí fomos costurando o resultado que você viu. Por sorte nossa, alguns dos participantes do grupo terminaram saindo ministro, terminaram participando do governo e até agora o presidente da Câmara. Havia uma proposta de fortalecimento democrático.

JC - O período mais árido no Congresso parece ter passado. E o “G8” continua?
HERÁCLITO - O grande maestro do Centrão era o Eduardo Cunha, que tinha a voz de comando. Quando veio o episódio da eleição, a gente viu que esse comando passou a ser fluido, não tinha mais quem desse sequência aos caprichos do Centrão e eles começaram a jogar pro blefe. O teste foi a eleição do presidente da Câmara. 

JC - O senhor acha que o Centrão pode causar alguma derrota ao Michel Temer?
HERÁCLITO
- Acho que o clima será positivo para Casa, porque houve um fortalecimento muito grande da base de apoio ao Michel, o próprio Centrão é da base de apoio. O grande problema é que o Centrão quer cargo. 

JC - Na volta do recesso, quais serão as pautas prioritárias? Reforma da previdência?
HERÁCLITO
- Será a pauta econômica, mas, concretamente, eu não sei, porque o Rodrigo Maia não sentou de forma concreta para discutir pauta com o Michel. 

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