Em meio ao encolhimento do teto de gastos na campanha combinado ao fim do financiamento privado e à redução no tempo da disputa, o setor de imóveis, que já foi "mina de ouro" no passado, vive momentos de declínio. A menos de um mês do início oficial das campanhas, a procura por imóveis para sediar comitês ainda é baixa.
Tradicionais casarões da cidade usados como "QGs" estão com placas de aluguel. Um imóvel na Avenida Domingos Ferreira reflete bem o cenário com a faixa grande escrita "aluga para política". Os principais pré-candidatos à prefeito do Recife ainda estão mapeando os locais para montar os comitês. No primeiro momento, a maioria diz que deve ter um único espaço.
Corretores de imóveis contam que os valores exorbitantes cobrados no passado já não são mais uma realidade atual. "O dinheiro está muito mais difícil, escasso. Então, o proprietário e o mercado têm que chegar à atualidade. Muitos proprietários ainda estão com ilusão de conseguir valores altos, mas os preços baixaram", explica o vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Pernambuco (Sindimóveis), Lourenço Novaes.
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Os imóveis também estão "encalhando" porque boa parte dos candidatos à procura de visibilidade buscam casas em avenidas principais, como as Avenidas Rosa e Silva, Domingos Ferreira, Conselheiro Aguiar e Rui Barbosa.
Ao contrário das eleições anteriores, que começavam em julho, este ano os candidatos só poderão realizar os atos de campanha a partir de 15 de agosto. A locação para os políticos é feito por temporada e os preços sobem até 30% em relação ao aluguel normal.
Lourenço explica que o acréscimo se explica em função do uso do imóvel, que geralmente sedia festas, eventos e tem grande circulação de pessoas. É o caso do comerciante Leonardo Barreto. Ele é proprietário de um posto de gasolina em desativado em Boa Viagem e conta que colocou a placa no imóvel em 30 de junho. Ele diz que já recebeu, pelo menos, dez ligações de pessoas próximas a políticos, mas ainda não fechou negócio.
Acostumado a locar o espaço em outras campanhas, Leonardo relata que tem notado um certo "medo" nas abordagens. "A sensação é que eles ainda estão meio perdidos no que é permitido ou não e temem cometer erros", comentou.
Segundo o comerciante, a expectativa era que o imóvel fosse rapidamente alugado, em função das mudanças na propaganda eleitoral e a proibição de cavaletes e publicidade nas ruas. "Alguns me pedem para emprestar o imóvel para ter prestígios com o político. Então, eu digo que não é possível, porque estou sem condições", diz ele. A média de preço é R$ 30 mil para os três meses de campanha.
À PROCURA
Dos pré-candidatos à Prefeitura do Recife, somente Edilson Silva (PSOL) definiu o comitê. O espaço irá funcionar na sede do partido, no Derby.
A assessoria do PSB informou que está à procura de um espaço para o comitê do prefeito Geraldo Julio. A deputada estadual, Priscila Krause (DEM), e o deputado federal, Daniel Coelho (PSDB), também estão mapeando os locais.
A maioria afirma que intenção é ter apenas um comitê, mas que quantidade vai depender dos valores cobrados.