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Segurança é maior demanda dos moradores do Grande Recife, aponta pesquisa IPMN

Levantamento ouviu pessoas de cinco municípios da RMR e 41,9% responderam que segurança é "principal problema do bairro"

Marcela Balbino
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Marcela Balbino
Publicado em 06/08/2016 às 12:23
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Ruas desertas, muros altos, iluminação, muitas vezes, precária. O cenário compõe o roteiro do medo de quem vive na Região Metropolitana do Recife (RMR). Sejam nos bairros com moradores de maior poder aquisitivo ou nas áreas periféricas, é a insegurança quem bate à porta, arromba o carro, subtrai o celular e rouba, sorrateiramente, o sossego dos cidadãos. Não por acaso, o problema é disparado a maior queixa entre os moradores das cinco maiores cidades da RMR. O levantamento do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), divulgado em parceria com o Jornal do Commercio, aponta que 41,9% dos entrevistados responderam que segurança é o “principal problema do bairro”.

Os dados oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS) ratificam a realidade retratada no universo da pesquisa. Os números dos dois principais indicadores de violência do Estado - homicídios e crimes contra o patrimônio - tiveram alta na comparação com o primeiro semestre do ano passado. 

É o medo de entrar e sair de casa que circunda o dia a dia do estudante de Direito Luiz Felipe Fonseca, 24 anos, que mora na Rua Dhália, em Boa Viagem. O jovem adotou uma atitude radical na tentativa de combater os índices de assalto na rua. Há um mês, ele colou cartazes nos prédios informando “Atenção: área de assalto”

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Hoje, os cartazes não estão mais lá e, após pressão dos moradores, houve reuniões com representantes da SDS e das Polícias Militar e Civil e uma promessa de melhorias na situação. Mas o medo ainda é latente, diz ele. A mãe de Luiz, a advogada Euzilane Fonseca, contou um dos momentos tensos no bairro. No início de julho, ela, o filho e a nora entravam na rua quando um homem armado saltou em frente ao carro da família. “Eles levaram celulares, pertences, dinheiro. Mas o medo foi o maior. Aqui são muitos prédios e pouca convivência entre os vizinhos. A rua é cheia de árvores e pouco iluminada, isso favorece os assaltos”, conta. Mas há na família uma expectativa com as promessas do poder público e com mais proteção na rua. 

Para o professor Adriano Oliveira, coordenador da pesquisa do IPMN, o eleitor tem a percepção que a criminalidade não é responsabilidade, apenas, do governador, mas que deve ser compartilhada. “Os números mostram, claramente, que o problema da segurança pública é uma agenda, inclusive dos prefeitos e, os candidatos tem que colocar isso em pauta na campanha eleitoral”, afirmou. Na campanha de 2008, o tema pautou os candidatos a prefeito. Naquele ano, a cidade era considerada a capital mais violenta do Brasil e os candidatos investiram em propostas para ajudar a conter a criminalidade.

É possível que o debate volte na campanha de 2016, porque os índices de violência voltaram a subir e remetem a períodos onde os números eram negativos. 

No bairro de Cajueiro, na Zona Norte do Recife, apesar da aparente calmaria, os muros das casas são cravejados por pregos. Cercas elétricas e câmeras de segurança compõem a fachada das residências. O advogado Rodrigo Scholz, 34, mora há 28 anos na localidade e resolveu se unir aos vizinhos para combater a onda de violência. Ele tenta implantar a Vizinhança Solidária, uma ferramenta integrada para unir os moradores e o poder público.

“A realidade é que ninguém aguenta mais. As nossas ruas estão tomadas por bandidos, a população está com medo e presa dentro de suas próprias casas. Desde abril de 2015, o Coletivo Cajueiro Pede Socorro tem empenhado esforços no sentido de aproximar a Polícia e a Comunidade para tentar reduzir os assaltos, furtos e arrombamentos no bairro”, contou ele.

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A pesquisa ouviu 816 pessoas e foi realizada entre os dias 25 e 26 de julho O objetivo foi traçar a cultura política dos eleitores, com a proximidade do pleito. O nível estimado de confiança é de 95%, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

Do total de entrevistados, 55,1% eram mulheres e 44,9% homens, sendo 25,4% com idades entre 45 e 59 anos; 23,2% de 25 a 34 anos; e 21% de 35 a 44 anos. A renda individual de 43,2% é de até um salário mínimo e, de 42,5%, entre um e dois e meio. Cinquenta e seis por cento têm ensino médio completo ou superior incompleto. A maioria é casada (47,9%) e de católicos (56,4%).

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