A primeira gestão de João Paulo foi marcada por intervenções urbanísticas e ações de ordenamento. Uma delas foi a remoção de palafitas, começando por Brasília Teimosa. Logo no primeiro mês de mandato, em 2003, o então presidente Lula visitou o local com todos os seus ministros. As palafitas foram retiradas, os moradores encaminhados para o auxílio-moradia e, em seguida, para habitacionais. A orla foi urbanizada, ganhando uma avenida.
Outra atuação na Zona Sul foi a inversão do trânsito em Boa Viagem, com as avenidas Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar. Ainda na questão da mobilidade, a gestão João Paulo, em parceria com o governo Jarbas Vasconcelos (PMDB), foram os responsáveis pela a retirada do transporte clandestino. O desgaste político foi grande. A cidade tornou-se palco de protestos, muitos deles violentos, por parte dos kombeiros. A prefeitura acabou vencendo a briga e a regulamentação do transporte clandestino também foi seguida em várias cidades da Região Metropolitana.
Um dos pontos polêmicos e que até hoje recebe críticas foi a mudança na Avenida Conde da Boa Vista. A construção de paradas de ônibus no centro da via gerou posicionamentos contrários até hoje.
Na saúde, houve a erradicação da filariose, implantação do Samu e Academia da Cidades. Os morros ganharam novas ações preventivas.
A descentralização do Carnaval do Recife também foi um marco, que se consolidou. O modelo foi seguido pelo seu sucessor, João da Costa (PT) e replicado por Geraldo Julio (PSB).
“Nós enfrentamos problemas aqui que nenhum governo teve coragem de enfrentar”, afirma João Paulo.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Outra marca da gestão foi o Orçamento Participativo (OP), que ajudou a garantir o nome do seu sucessor – João da Costa, responsável pela coordenação do programa. João Paulo nega que o programa tenha sido usado politicamente. “Eu sou contra que qualquer instrumento de organização, como o OP, possa funcionar como correia de transmissão do partido político”, assegura.
Uma queixa recorrente sobre o OP é que eram aprovadas mais obras do que se podia realizar. A conta não fecha até hoje. Obras aprovadas na gestão de João Paulo passaram para João da Costa, que também deixou demandas para Geraldo Julio. Segundo a atual gestão, ficaram 1.045 obras do OP aprovadas sem execução. Dessas, 180 tinham projeto executivo, porém com orçamentos defasados.
A gestão socialista afirma que foram priorizadas 277 ações e que mais de 150 foram entregues.
Na sua gestão, João Paulo conviveu com uma investigação do Ministério Público Federal sobre a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). De 2002 a novembro de 2005, a Prefeitura firmou três contratos com a Finatec no valor de R$ 19,8 mil, para serviços de consultoria na gestão pública. Em 2008, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou o contrato irregular e abriu uma auditoria especial. No momento, o texto aguarda parecer do Ministério Público de Contas. Não há data para ir à votação.
Outra polêmica da primeira gestão petista foi a realização de um show da dupla Sandy e Júnior, gratuito para o público, no Marco Zero. A Prefeitura pagou R$ 480 mil pela apresentação e foi alvo de uma ação de improbidade administrativa. O processo ainda será julgado.
Além disso, é colocada na conta de João Paulo a decadência da vida noturna do Bairro do Recife. Nas gestões de Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Roberto Magalhães (PFL, atual DEM), o bairro ganhou vida, com o estímulo à abertura de bares e restaurantes. Na gestão de João Paulo, os incentivos recuaram.