Eleições 2016

No Recife, adversários avaliam impacto de impeachment na eleição local

Candidatos a prefeito da capital pernambucana comentam que efeitos a saída de Dilma Rousseff da presidência da República pode ter na disputa municipal

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 05/09/2016 às 16:47
Alexandre Gondim
Candidatos a prefeito da capital pernambucana comentam que efeitos a saída de Dilma Rousseff da presidência da República pode ter na disputa municipal - FOTO: Alexandre Gondim
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O afastamento de Dilma Rousseff (PT) do posto de presidente da República, na semana passada, ainda repercute em todo o Brasil. Entre os candidatos a prefeito do Recife, Priscila Krause (DEM) e Edilson Silva (PSOL) acreditam que o adversário João Paulo (PT) pode se beneficiar da situação caso parte dos eleitores enxergue a petista como uma vítima de todo o processo que culminou no impeachment.

Ligada a um partido que defendeu o impeachment de Dilma e presença constantes nas manifestações de rua realizadas no Recife contra a petista, Priscila Krause (DEM) teme o reflexo que o afastamento da ex-presidente pode gerar na eleição. “É um risco muito evidente que pode acontecer (a ligação do cenário nacional com o local). Todos os analistas reconhecem isso. Se acontecer é lamentável porque vai desviar o foco de uma discussão e as pessoas não vão decidir por uma razão que iriam decidir”, declarou.

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Diferente de Priscila, Edilson Silva foi às ruas para defender o mandato de Dilma e acredita que a petista foi prejudicada por conta de um julgamento político. No entanto, o psolista lamenta que o assunto interfira na percepção dos eleitores recifenses. “A presidente foi vítima e há um sentimento de solidariedade com ela, por ter ido ao Senado e demonstrado bravura. O que pode acontecer é um processo de captura desse sentimento por parte do PT, que está buscando potencializar o sentimento e se aproveitar da situação”, avaliou.

Edilson faz uma comparação entre o cenário atual e a eleição para o governo estadual em 2014. Na ocasião, o então candidato Paulo Câmara teve um crescimento das intenções de voto após a morte do ex-governador Eduardo Campos, seu padrinho político. “Podemos estar diante de aspectos subjetivos que interferem na política. Pernambuco passou por isso. O impeachment pode gerar uma distorção porque as pessoas saem da objetividade e entram em um clima de solidariedade. Pode se votar em um candidato X para querer compensar a violência política”, disse.

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Principal beneficiado caso a tese da “vitimização” de Dilma tenha respaldo junto ao eleitor recifense, João Paulo desconversou sobre a situação lhe ajudar na rivalidade com o prefeito e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB). “O que tem levado o prefeito ao buraco é a péssima gestão administrativa e política”, enfatizou. O petista assegura que vai convidar a ex-presidente para sua campanha e também espera contar com a presença de Lula (PT) em algum ato realizado este mês.

Geraldo Julio integra a lista dos que acham que não vai haver uma "nacionalização" da disputa eleitoral e não vê como João Paulo pode se beneficiar de uma possível "vitimização" de Dilma. "Acredito que não. Essa é uma eleição municipal e as pessoas estão mais interessadas em debater a cidade", afirma o prefeito.

Daniel Coelho (PSDB) acha que o tema perderá importância. “Há um calor sobre o impeachment e é natural porque ele foi concretizado essa semana, mas a tendência é a campanha se aprofundar nos problemas da cidade e na capacidade de cada candidato. O clima hoje é um e o clima daqui a 30 dias, quando as pessoas estiverem decidindo, vai ser diferente”, opinou.

Carlos Augusto Costa (PV) também minimiza o assunto. “Temos muitas variáveis nessa campanha como Lava Jato, impeachment e crise econômica, mas o que vai contar é a percepção da população sobre a capacidade dos candidatos”, disse.

SEM RETORNO

Simonte Fontana (PSTU) e Pantaleão (PCO) não foram encontrados para falar sobre o tema. 

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