A 22ª edição do Grito dos Excluídos marcada para esta quarta-feira de forma paralela ao desfile militar de 7 de setembro terá um forte componente político. Além de chamar a atenção para a desigualdade social no Brasil com o tema “Esse sistema é insuportável: exclui, degrada e mata”, a manifestação contestará o governo Michel Temer (PMDB) e fará a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi afastada da presidência da República por impeachment na semana passada e deixou Brasília rumo ao Rio Grande do Sul.
“Como a gente vai comemorar o Dia da Independência do Brasil com um golpe em curso? Como a gente vai comemorar a independência se o nosso voto não vale nada e não é respeitado”, questiona o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras. A central sindical é apenas uma das cerca de 20 entidades que apoiam o Grito dos Excluídos. A manifestação tambémm tem o apoio da pastoral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasio (CNBB), do Fórum Dom Helder Câmara e de diversos movimentos sociais.
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As críticas ao governo Michel Temer devem se somar às cobranças por melhorias nas áreas social, econômica e ambiental do Brasil. “Estamos en um momento difícil da história em que a gente percebe que a democracia está sendo ameaçada. Não concordamos com a decisão dos parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado (sobre o impeachment) e estamos na rua com esse pauta”, destaca Sandra Gomes Araújo, do Fórum Dom Helder Câmara.
Dois dos oito candidatos a prefeito do Recife confirmaram presença no Grito dos Excluídos. Do mesmo partido de Dilma Rousseff, o ex-prefeito João Paulo (PT) quer aproveitar o ato para consolidar seu nome junto ao eleitor. Até o momento, ele aparece em empate técnico na liderança das intenções de voto com o prefeito e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB). O deputado estadual Edilson Silva (PSOL), que tem um histórico de participação no Grito dos Excluídos, também estará na manifestação.
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Além do Recife, o Grito dos Excluídos ocorre em outras cidades do País. Na capital pernambucana, a expectativa é que a manifestação reúna cerca de cinco mil pessoas. Entre elas, estará o senador Humberto Costa (PT). Um dos defensores da ex-presidente Dilma em Brasília, ele garantiu que irá reforçar o ato.
CRONOGRAMA
Este ano, a concentração do Grito dos Excluídos ocorrerá no Derby, na área central do Recife. Os participantes do ato irão caminhar pela avenida Conde da Boa Vista até chegar à Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, onde haverá o encerramento do ato. Para Carlos Veras, da CUT-PE, a participação de políticos na manifestação não é um problema. “Eles podem ir, claro”, defendeu.
O Grito dos Excluídos foi criado para contrapor a celebração da Independência do Brasil e tem como objetivo “denunciar as mazelas” da sociedade brasileira. Este ano, com a mudança de governo, os participantes prometem subir o tom político ao longo da manifestação, sobretudo em relação a propostas do governo federal na área trabalhista. “Defendemos ampliação de direitos, jamais a retirada”, enfatiza Carlos Veras.