Entra e sai prefeito e algumas obras permanecem inacabadas em Olinda. A recuperação do mercado Eufrásio Barbosa, a reforma do Cine Olinda, a implantação da Via Metropolitana Norte, também apelidada da Agamenon Magalhães da cidade patrimônio são obras que só serão inauguradas nos próximos anos, embora já tenham aparecido como promessas nas últimas eleições. Em 2012, o então candidato a prefeito Renildo Calheiros (PC do B) prometeu melhorar a mobilidade da cidade, implantar a Via Metropolitana Norte, estimular empreendimentos criativos, entre outras coisas.
Olinda está sob a administração do PC do B em parceria com o PT - que ocupa o cargo de vice-prefeito - há 16 anos. Uma parte das promessas poderá sair do papel com o próximo gestor. Na administração de Renildo, as principais obras implantadas foram a pavimentação de cerca de 300 ruas em bairros como Aguazinha, Jardim Brasil, entre outros, e a orla que passa por Bairro Novo e Casa Caiada. Essa última foi entregue no ano passado. Este ano, uma das placas já afundou quase em frente ao Restaurante Itapoã e 20 metros da calçada e banquinho da orla não resistiram as chuvas do dia 30 de maio último, sendo arrastados pela água. Ainda no local, foram colocadas escadas de madeira que já estão sem os últimos degraus.
Voltando às obras inacabadas de Olinda, a mais lendária é o Cine Olinda, fechado há quatro décadas. A atual candidata a prefeita pelo PC do B, Luciana Santos, fala até em fazer uma parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) para que o Cine Olinda exiba os mesmos filmes que passam nos outros dois cinemas da instituição. Luciana foi prefeita por oito anos no período de 2000 a 2008. Mas por que ela não colocou esse plano em ação quando esteve à frente do executivo municipal ? “Fizemos o mais difícil que foi conseguir os recursos via emendas parlamentares. No entanto, esses recursos iriam para uma instituição à medida que a obra fosse realizada. Essa instituição teve um problema administrativo e por isso a obra não saiu”, resume Luciana. A candidata do PT, Teresa Leitão, não retornou a ligação do JC, embora a reportagem tenha ligado várias vezes para o seu celular e também contatado a sua assessoria de imprensa.
“As promessas políticas têm que ser mais claras, separando a intenção de fazer do candidato com a viabilidade econômica e política. Esses dois fatores fazem as obras saírem do papel. Também me incomoda muito a falta de integração da Olinda histórica com os bairros menos favorecidos como Rio Doce”, revela o ilustrador Raoni Assis, que mora em Rio Doce mas tem um ateliê na cidade alta, “uma Olinda que só funciona de dia e para turista”.
Algumas das obras citadas acima estão sendo feitas por órgãos federais ou estadual. A reforma do Cine Olinda é realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artes Nacional (Iphan), o Mercado Eufrásio por uma ação ligada à secretaria estadual de Turismo, o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur). O teatro do Eufrásio Barbosa foi inaugurado em 1999 e desde 2006 que está desativado. E, por último, a Via Metropolitana Norte é realizada pela Secretaria estadual de Habitação (Seab) com recursos da União e do Estado.
A reforma do Cine Olinda deve ser retomada numa parceria com a Fundarpe, segundo Luciana Santos. O Eufrásio Barbosa deve ser concluído até abril de 2017 numa iniciativa da Empetur, embora a placa existente no local informe que a obra seria feita em 12 meses e o seu início tenha ocorrido em julho de 2015.
Já a Via Metropolitana Norte é uma obra de R$ 336 milhões e foi iniciada em 2013, como prometeu o atual prefeito nas primeiras entrevistas realizadas em janeiro de 2013 depois de eleito. Na época, ele afirmou que não faltariam recursos para as obras. É certo que ninguém adivinharia que o Brasil entraria numa das maiores crises da história.