Só no Porto Digital, o Recife tem 1,4 bilhão de motivos para acreditar que o investimento na transformação da capital pernambucana em um polo de tecnologia e de economia do conhecimento vale a pena. Esse é o faturamento anual em reais das 268 empresas que atuam no parque tecnológico. Juntas, elas já empregam 8,5 mil trabalhadores, mesmo em meio a crise.
Diferente de municípios como Ipojuca e Goiana, que receberam importantes investimentos industriais na última década, a vocação do Recife é ser uma cidade provedora de serviços. O setor representa 80% de todas as riquezas produzidas na capital. Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) do município somou R$ 46,4 bilhões, de acordo com a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa (Condepe/Fidem).
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O ranking Connect Smart Cities de 2015, desenvolvido pela Urban Systems para mapear cidades com o maior potencial de desenvolvimento no Brasil, colocou o Recife como a 6ª do País na área de Tecnologia e Inovação e a 8ª no setor de Empreendedorismo. No ano passado, o índice da Endevour colocou o Recife como a 4ª cidade com o melhor ambiente para o empreendedorismo do País. Um dos pontos positivos foi que 5,5% da população acima de 15 anos estaria matriculada no Ensino Técnico. O número de universidades é uma das vitrines da capital.
Mesmo assim, o estudo da Endevour mostra que existem desafios importantes para o Recife avançar como núcleo de economia tecnológica e de inovação. Um deles é o tempo para abertura de empresas. Segundo a Endevour, um empreendedor gasta em média 138 dias para abrir uma empresa. Segundo a Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe), o processo interno para regularizar um empresa leva até três dias para ser completado no órgão, mas além de lá, precisa passar por outros processos, como o da prefeitura e da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).
Pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) feita em 2010 mostrou que 33% das empresas abertas em Pernambuco fechavam dentro de dois anos. É o quarto pior índice do País, perdendo apenas para Acre, Amazonas e Amapá.
Para o economista e consultor Jorge Jatobá, o Recife pode usar instrumentos como incentivos fiscais e apoio de infraestrutura para estimular negócios do futuro, como o fornecimento de softwares e soluções tecnológicas para o parque industrial do Estado.
“O Recife vai crescer prestando serviços de qualidade. Não só esses clássicos, como educação e saúde, mas também serviços mais sofisticados, como apoio a indústria, tecnologia e também em economia criativa, que envolve cultura e cinema”, diz Jatobá. “É saudável que a cidade seja mais pujante porque aumenta a capacidade de arrecadação e investimentos. Uma cidade não pode se sustentar só com 50% da sua massa salarial no setor público”, alerta ainda.
Enquanto planeja a cidade do futuro, o prefeito terá de se preocupar com o desemprego do presente. Entre julho de 2014 e julho deste ano, 57 mil postos de trabalho foram fechados; de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua mostra que 11,6% das pessoas com mais de 14 anos estavam desempregadas no Recife no segundo trimestre de 2016, afirma o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o pior número desde 2012 e representa mais que o dobro da taxa de desocupação registrada no primeiro trimestre de 2015, ainda no início da crise atual.
As propostas dos candidatos
O que o(a) senhor(a) propõe para que a prefeitura consiga estimular o Recife como centro de economia do futuro, focado em serviços, tecnologia e inovação?
CARLOS AUGUSTO COSTA (PV)
Vamos tornar efetiva uma política de inovação tecnológica que fortaleça a participação do Recife na economia brasileira e no cenário internacional, assim como incentivar o surgimento de empresas de base tecnológica, como foco de resolução dos problemas da cidade e de sua população. Teremos, também, programa de implantação de incubadoras de base tecnológica, aproveitando as potencialidades do C.E.S.A.R e do Porto Digital. Pretendemos criar o Banco do Empreendedor, para garantir capital de giro a microempresários. Nas minhas andanças, vi muitos pequenos empreendedores devendo a agiotas, porque não têm acesso a programas oficiais de crédito. Estimularemos a economia criativa e vamos criar o Programa Jovem Ambiental. Serão 15 mil bolsas, para que os jovens eduquem a população, para zelar pelo meio ambiente e estimular a coleta seletiva. Eles devem estar matriculados na rede oficial.
DANIEL COELHO (PSDB)
Nos últimos quatro anos, a cidade perdeu mais de 50 mil empregos de carteira assinada. Para mudar essa realidade, é necessário que a prefeitura surja como parceira e estimule o empreendedor a abrir o seu negócio no Recife. O que a gente vê hoje são barreiras burocráticas que muitas vezes fazem as pessoas desistirem de abrir seu negócio na cidade. A prefeitura não pode fazer com que as pessoas paguem a conta dos seus próprios erros. É preciso criar um ambiente que facilite o processo. Para isto, a prefeitura vai apoiar aqueles que realmente desejam empreender na cidade ajudando a desburocratizar o processo de abertura e regularização das empresas. Além disso, vamos ser parceiros do Porto Digital. As empresas vão ajudar a prefeitura a tornar o Recife uma cidade mais moderna e melhor para se viver, desenvolvendo tecnologias que deem soluções para demandas que a cidade possui.
EDILSON SILVA (PSOL)
O Recife que queremos é uma cidade que permite a todas as pessoas sonhar, independente de gênero, cor da pele, classe social, religião ou orientação sexual. Uma cidade instigante e acolhedora que cultive conhecimento, diversidade e criatividade. Para chegar lá, temos primeiro que combater a desigualdade social. Mães precisam de creches para seus filhos, crianças precisam de boas escolas, e todo mundo precisa de boa saúde, saneamento e segurança. Nosso sucesso enquanto cidade depende disso. Faremos uma gestão intensamente informatizada, transparente e participativa, combatendo a mau uso dos recursos públicos. A noite recifense terá uma gestão própria, que desenvolva seu potencial econômico e cultural. O trabalho informal terá assistência, e não perseguição. Seremos parceiros do pequeno negócio, fundamental para a saúde econômica, social e ambiental da nossa cidade.
GERALDO JULIO (PSB)
Um modelo de desenvolvimento sustentável se viabiliza com ambiente de empreendedorismo que estimula inovação e competitividade, estruturadores para a retomada do crescimento, capaz de gerar oportunidades de emprego e renda, especialmente diante da crise que vivemos. Simplificamos e ampliamos benefícios ao parque tecnológico, alcançando atividades da economia criativa. Descentralizamos e fortalecemos o apoio aos empreendimentos de menor porte. Avançaremos na redução de custos e burocracia com o Licenciamento Integrado, revisão de procedimentos e gestão dos processos com prazos definidos. Lançaremos Editais com desafios abertos para contratação de soluções urbanas, usando a plataforma de dados abertos. Criaremos o Programa Municipal de Microcrédito, com mais agilidade e acesso, além de incubadoras de novos empreendimentos integrando a rede profissionalizante e as Salas do Empreendedor.
JOÃO PAULO (PT)
O desenvolvimento econômico será articulado com o aumento da qualidade de vida das pessoas. Com incentivos ao crescimento da atividade econômica aumentaremos o emprego, o trabalho formal e a renda. Nossa gestão apoiará o empreendedorismo, estimulando a formalização e valorizando agentes econômicos dos segmentos mais populares e as micro e pequenas empresas. Estimularemos os setores que dialogam com formas inovadoras de produção e estão na economia criativa ou na economia solidária, e setores econômicos em que a cidade tem vocação: turismo, cultura, ciência e tecnologia e saúde. Criaremos o Programa de Desburocratização da Gestão Municipal, estabelecendo um ambiente favorável de negócios; Criaremos o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e implantaremos o Programa Municipal de Estímulo à Inovação Aberta para o desenvolvimento das novas e tradicionais atividades econômicas da cidade.
PANTALEÃO (PCO)
O desenvolvimento econômico será articulado com o aumento da qualidade de vida das pessoas. Com incentivos ao crescimento da atividade econômica aumentaremos o emprego, o trabalho formal e a renda. Nossa gestão apoiará o empreendedorismo, estimulando a formalização e valorizando agentes econômicos dos segmentos mais populares e as micro e pequenas empresas. Estimularemos os setores que dialogam com formas inovadoras de produção e estão na economia criativa ou na economia solidária, e setores econômicos em que a cidade tem vocação: turismo, cultura, ciência e tecnologia e saúde. Criaremos o Programa de Desburocratização da Gestão Municipal, estabelecendo um ambiente favorável de negócios; Criaremos o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e implantaremos o Programa Municipal de Estímulo à Inovação Aberta para o desenvolvimento das novas e tradicionais atividades econômicas da cidade.
PRISCILA KRAUSE (DEM)
Na Prefeitura, irei criar o programa de desburocratização da gestão municipal, para dar agilidade na tramitação dos procedimentos, promovendo a transparência dos atos, segurança jurídica dos contratos e a simplificação de requisitos documentais, criando um ambiente de negócios favorável no Recife. Junto a isso, vou implantar o Balcão do Cidadão em cada RPA para atendimento centralizado das questões burocráticas demandadas pela população recifense. Iremos incorporar o Balcão do Cidadão ao atendimento para os que desejam se transformar em microempreendedores individuais – porta de entrada para o empreendedorismo – ofertando suporte para o micro negócio através de orientação quanto à visibilidade, localização e vocação do futuro empreendedor. Na minha gestão, usaremos a tecnologia à serviço da população, trabalhando em parceria com o Porto Digital em benefício das pessoas.
SIMONE FONTANA (PSTU)
Recife desde a ocupação portuguesa sempre serviu de comércio vantajoso para os exploradores coloniais, seja através do comércio de açúcar e de escravos. A escravidão dos nossos irmãos negros foi o que a burguesia comercial branca destinou nossos portos, essa vocação histórica queremos mudar. O porto digital, ao desenvolver software conjuntamente com a UFPE, mostra que temos capacidade técnica para desenvolver tecnologias. Essas tecnologias, no entanto, são controladas por multinacionais que se implantam aqui, com mão de obra qualificada e bem mais barata que dos países sede e com incentivos fiscais que afeta a arrecadação da prefeitura. Queremos tecnologia para os trabalhadores e a maioria do nosso povo possam usufruí-la, que se reflita na qualidade das moradias, na saúde e na educação. Que a tecnologia seja a serviço dos seus moradores e melhoria de sua qualidade de vida.