A partir desta segunda-feira (3) começa uma nova eleição, que vai até o dia 30 de outubro. Apesar de ter subido o tom contra o PT na reta final do primeiro turno para tentar liquidar a fatura no primeiro turno, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), candidato à reeleição, terá que redesenhar a rota e conquistar aqueles eleitores que consideram seu governo regular – cerca de 36%, de acordo com a última pesquisa do Instituto Maurício de Nassau (IPMN).
Leia Também
Terá pela frente o desafio de manter o engajamento dos apoiadores, formados em grande parte por pessoas ligadas aos vereadores. Geraldo pode se beneficiar ainda com o quadro de rejeição ao PT no Recife, o que pode lhe ajudar a atrair os votos dos eleitores dos candidatos Daniel Coelho (PSDB) e Priscila Krause (DEM).
Para a campanha socialista, o desafio é estimular a mensagem a ser passada para os eleitores do DEM e do PSDB. No início da disputa havia uma dúvida se os eleitores de Daniel e Priscila eram contra a gestão do PSB no Recife ou contra o PT. Segundo integrantes da equipe de Geraldo, pesquisas internas mostram que o sentimento antipetista foi maior. “Além disso, João Paulo não tem a sedução do novo”, observa um aliado, em reserva.
Nesses próximos 27 dias estarão em jogo a gestão do PSB na Prefeitura do Recife e, sobretudo, o projeto de poder do grupo político alinhavado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB), lá atrás em 2012, quando ele lançou o nome de Geraldo para disputa. O gesto era o primeiro ensaio para candidatura presidencial de Eduardo, concretizada um ano depois.
Confira entrevista de Geraldo Julio na redação do JC:
Leia Também
No primeiro turno, as caminhadas e atos políticos de Geraldo eram sempre lotados, em grande parte por apoiadores dos candidatos a vereador. Eram pouco mais de 700 candidatos da base. A Frente Popular no Recife, coligação do prefeito-candidato, conseguiu abarcar 20 partidos – maior aliança já feita no Recife. Desafio a partir de agora é garantir a mobilização da militância após a eleição proporcional.
Um dos caminhos naturais que o socialista deve seguir nesse segundo round será a sensibilização dos eleitores de Priscila Krause e Daniel Coelho em torno da sua candidatura. No segundo turno presidencial, em 2014, Geraldo e Paulo Câmara coordenaram a campanha do tucano Aécio Neves no Estado e o gesto marcou um afastamento do PSB do campo da esquerda para uma direitização.
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, não crava se o partido irá procurar os candidatos do PSDB e do DEM. “Quem estiver afim de ajudar é só chegar”, disse, ontem, após entrevista coletiva. Segundo ele, o engajamento se dá pelo projeto. “A gente vai continuar apresentando um projeto. Vai chamar as pessoas. Vai buscar as pessoas pelo projeto que nós realizamos e pelo que eu falei, pelo que a gente pretende realizar. Então a gente vai engajar vereador, que foi eleito e que não foi eleito”, afirmou.
PROPOSTAS
Ao contrário de 2012, Geraldo não apresentou plano de governo nesta candidatura, mas divulgou novas propostas nos guias eleitorais. Do total de promessas feitas há quatro anos, o gestor tirou do papel 35% das ações prometidas e outras 36,7% estão em andamento. A tática de Geraldo é evitar comentários sobre as campanhas adversárias. Mas, com o cenário já consolidado nas urnas, chega o momento de rever os movimentos e buscar alianças.