Um dos novos vereadores eleitos no Recife, Romero Albuquerque (PP), que fez campanha como defensor de animais, é alvo de 27 processos por propaganda irregular. Pelo menos 11 sentenças contra ele foram divulgadas no mural eletrônico do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) desta terça (11/10), por anúncio patrocinado na internet, em redes como Facebook e Instagram. As punições totalizam R$ 110 mil em multas. Romero alega não ser o administrador da página que impulsionava as publicações. O vereador eleito disse já ter recorrido ao TRE.
Diferentes representantes do Ministério Público apuram também outras denúncias contra o jovem político, de 24 anos, eleito com 5.613 votos para a 29ª vaga da Câmara Municipal. “Iniciei procedimento preparatório para apurar denúncia de compra de votos. Estou convocando o candidato”, explicou o promotor Marcellus Ugiette, que atua na investigação judicial. A promotora Lucila Varejão, responsável por acompanhar a propaganda eleitoral no Recife e autora de representações contra Romero, conta que as denúncias chegaram pelo sistema Pardal, do TSE, acessado pela internet. Romero, que é estudante de Direito, diz não ter condições financeiras para comprar voto.
Romero é reincidente em propaganda irregular
Segundo Lucila, Romero Albuquerque tem alegado ser vítima de perfis falsos nas redes sociais. “Mas por que ele não recorreu à Justiça para remover o material irregular?”, questiona a promotora. Ela pediu abertura de investigação policial para apurar perfil no Face (Romero: a farsa), que divulga denúncias contra o político. Proibido pela legislação eleitoral, o link patrocinado pode vir a ser considerado também abuso de poder econômico, de acordo com a promotora.
Nas sentenças, os juízes da propaganda lembram que Romero é reincidente na prática irregular: “Nas eleições de 2014, quando concorreu a deputado estadual, sofreu duas condenações por propaganda ilícita na internet, através de anúncios patrocinados”.
RESPOSTA
Até o fechamento da matéria, na noite dessa terça-feira (11), o JC não havia conseguido falar com Romero. Na manhã desta quarta (12), o vereador eleito entrou em contato com o jornal. Ele negou ser o administrador da página que impulsinou as publicações e disse que isso pode ser comprovado pelo fato de a sua página oficial ter o selo de certificação do Facebook, uma marca azul ao lado do nome do político, que não aparece nas imagens julgadas. O vereador eleito disse já ter recorrido das condenações ao TRE e aguarda o julgamento dos recursos.
Romero também explicou ter tomado precauções contra o uso indevido de seu nome. Ele disse ter pedido ações contra a página ao Facebook, ao TRE, ao aplicativo Pardal de denúncias oficiais de irregularidade eleitorais, ao próprio Ministério Público e à Delegacia de Crimes Cibernéticos. Ele também disse acreditar que o perfil com o seu nome é mantido pelos mesmos administradores da página com críticas ao político.
Sobre a denúncia de compra de votos, Romero lembrou que é estudante universitário, cursando o 10º período de Direito, e que não tem condições financeiras para comprar votos. À Justiça Eleitoral, ele não declarou nenhum bem e informou ter gasto apenas R$ 27,5 mil ao longo da campanha.