eleições 2016

João Paulo tem o desafio de salvar o PT

Candidato está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 30/10/2016 às 6:21
Foto: Társio Alves/Divulgação
Candidato está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto - FOTO: Foto: Társio Alves/Divulgação
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João Paulo (PT) chega neste domingo (30) ao segundo turno com o desafio de virar o jogo eleitoral e sair vitorioso, superando a pesquisa de intenção de voto do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), que mostra o petista 16,8 pontos percentuais atrás do seu oponente, Geraldo Julio (PSB). Mais do que ganhar a eleição, o candidato tem o desafio de retomar o protagonismo do PT no Estado, abalado desde a eleição de 2014. A trajetória da campanha neste segundo turno se diferenciou da primeira etapa principalmente pelas críticas mais ácidas que foram feitas à gestão socialista.

Uma visita de Lula, que era esperada pela cúpula do PT-PE, não ocorreu, mesmo com o Recife sendo a única capital do País em que o PT disputa um segundo turno e a Executiva nacional da legenda tendo colocado a disputa como prioritária. O ex-presidente esteve presente na cidade cerca de dez dias antes do primeiro turno, participando de um ato de rua. O partido também contou com poucos recursos em caixa para manter a campanha presente nas ruas. O déficit nas contas chega a cerca de R$ 1 milhão, segundo informações de bastidores.

Em entrevistas concedidas à imprensa e nos programas do guia eleitoral, João Paulo criticou fortemente a gestão de Geraldo Julio, comparando os projetos que executou nos seus oito anos de gestão com período do socialista. O petista também puxou outros personagens para o debate, como o vice de Geraldo, Luciano Siqueira (PCdoB), que também foi vice de João Paulo nos oito anos de governo. No auge da campanha, João Paulo chegou a afirmar que a posição de Siqueira era “humilhante” para se permanecer na vice. O comunista disse que recebeu a declaração com “zero estresse”.

Outro nome introduzido no debate eleitoral foi o do secretário de serviços públicos da gestão socialista, Roberto Gusmão, que atuou no mesmo cargo na prefeitura do PT. Gusmão, que sempre teve um caráter técnico – e não político –, ao contrário de Siqueira, foi o “terceiro elemento” do debate da TV Jornal, na última quinta-feira (27).

“A gente tem feito a crítica política. A gente tinha 2’30” para mostrar o que eu fiz nos oito anos, desconstruir e apresentar propostas. Agora não, nós temos o tempo igual a eles. Aumentou para tudo. A crítica ficou um pouco maior no tempo, mas não na intensidade para chegar a ser uma agressão”, argumenta João Paulo.

Outro desafio encontrado pelo candidato foi angariar votos de adversários históricos do PT, como Daniel Coelho (PSDB) e Priscila Krause (DEM). Com a crise política em que a legenda se envolveu, culminando no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), uma barreira importante a ser superada por João Paulo foi o clima anti-petismo que se instalou no País e resgatar os votos de quem elegeu nomes do PT mas anda decepcionado com a legenda.

No entanto, o candidato nega que sua passagem para o segundo turno seja resultado apenas do seu capital político. “Não tem nessa cidade e nesse Estado quem me separe do PT. Comecei na militância antes mesmo do PT existir. Ajudei a fundar o PT e a CUT. Fui vereador do PT, depois deputado, deputado federal, prefeito por dois mandatos. Não há essa dissociação. A minha candidatura é o PT, eu sou do PT, todo mundo sabe disso”, afirma.

LAVA JATO

Em plena campanha do primeiro turno, o PT viu dois dos principais nomes dos governos do PT serem presos pela Operação Lava Jato: o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que atuou no governo Lula, e Guido Mantega, que comandou a mesma pasta na gestão de Dilma. Mantega teve a prisão revogada no mesmo dia. Para João Paulo, esses fatores também interferiram nas eleições municipais. “Eu acho que prejudicou a política como um todo. Prejudicou mais o PT porque o tratamento que foi dado às denúncias contra alguns companheiros do PT foi diferente aos diversos envolvimentos, inclusive aqui no Estado. Se fosse dado um tratamento equânime, os resultados seriam equânimes naturalmente. Mas como não foi, traz um prejuízo maior ao PT”, disse.

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