O projeto da Navegabilidade do Rio Capibaribe é uma história com começo e meio, mas o fim se arrasta por várias gestões e custa a chegar. O rio é considerado uma “avenida líquida” pela sua largura e extensão e, há pelo menos três décadas, governos tentam torná-lo navegável. Na década de 80, quando Joaquim Francisco (PSDB) era prefeito do Recife ele tentou atrair o empresariado e um corpo de intelectuais para mostrar a potência turística do curso d’água. O projeto não decolou. Quase 35 anos depois, a proposta mais concreta, a Rios da Gente, está encalhada.
Em 2012, época em que foi lançado pelo ex-governador Eduardo Campos, a navegabilidade tinha tudo para ser uma das vitrines da gestão. Prova disso é que projeto entrou no programa eleitoral do sucessor, o governador Paulo Câmara (PSB). Mas hoje só tem dado dor de cabeça ao atual gestor.
A ideia de aproveitar o rio para navegar remonta ao período das grandes enchentes, como a de 75. Após o desastre, o governo fez ações para recuperar a calha do rio, alargá-la, retirar destroços e urbanizar as margens do curso d’água. A inauguração das barragens de Carpina e do Goitá também foram a garantia que as cheias não mais atingiriam a capital.
Leia Também
No início da década de 80, Joaquim Francisco era prefeito do Recife e esboçou um projeto para estimular o turismo no rio. O poeta João Cabral de Melo Neto navegou pelo “cão sem plumas” com ele, numa tentativa do prefeito de mostrar que era uma alternativa viável.
“Usamos um catamarã muito rústico para levar gente para passear para ver se alguém se animava, mas o projeto foi engatinhando, engatinhando e não apareceu nenhuma empresa”, disse Joaquim.
Um grupo do Texas, nos Estados Unidos, demonstrou interesse, mas era preciso concluir as obras de urbanização. E a ideia era fazer concessão à iniciativa privada para tirar os gastos dos ombros do Estado. Apesar do entusiasmo, o projeto não vingou.
“A soma desses projetos foi quando o governador Eduardo Campos me convidou, dizendo que já tinha contratado uma empresa, para retomar a proposta”, rememora o ex-prefeito e ex-governador.
Apesar da dificuldade de tirar do papel, Joaquim avalia que o projeto é viável, mas que caminho é pela iniciativa privada.
“O rio ainda tem vida, ainda tem guaiamum e peixe. Acho projeto viável sobretudo com parceria privada. É uma história que vem de 70 até hoje”, grifa.