O próximo presidente da República deve ter comprometimento com o ajuste fiscal (iniciativas que resultem em um maior controle dos gastos públicos) e não representar uma ruptura com a atual política econômica, segundo especialistas entrevistados pelo JC.
“Observamos os pré-candidatos – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC) – e todos estão sendo convergentes com o mercado”, alerta o cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo, Roberto Gondo.
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“Se acontecer uma ruptura com a atual política econômica, haverá um retrocesso grande na economia. O ônus poderá ser gigante ao País”, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Quando o Produto Interno Bruto (PIB) de um País cai – como ocorreu nos últimos dois anos – há um empobrecimento da população, desemprego etc.
Os especialistas acreditam que uma ruptura com a atual política econômica e monetária pode fazer o Brasil ficar parecido com a Grécia que não conseguiu honrar os seus compromissos financeiros. A diferença é que a Grécia pertence à União Europeia que emprestou recursos para a mesma sair da turbulência.
CONTROLE
“Se não houver controle dos gastos, o Brasil vai virar uma Grécia em poucos anos com um endividamento grande em relação ao (PIB) e ficará inviável”, revela Écio Costa, professor do departamento de Economia da UFPE. Se isso ocorrer, o Brasil terá que pedir empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o que implica em perder a liberdade de conduzir a sua política econômica, como ocorreu na década de 1980.
Além da ruptura econômica, os especialistas se dividem com relação à votação da reforma da Previdência no próximo ano. “A não aprovação da reforma da Previdência tem o efeito político forte e gera expectativa negativa para o futuro da economia”, defende Alex Agostini. Alguns economistas acreditam que o crescimento do PIB estimado para 2018 pode ficar menor que 3%, caso a reforma não seja aprovada. Eles também estimam que tanto a inflação quantos os juros devem ficar maior em 2018.
Até 2018, a melhoria da economia também pode resultar em mais um candidato a presidente da República, o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que já afirmou ser “interessante” participar do pleito. Ele será o candidato que mais pode se beneficiar da atual retomada econômica. E essa situação fez muita gente lembrar que depois do impeachment de Collor, em 1992, assumiu a presidência Itamar Franco, na época, com baixa popularidade. Foi justamente um ex-ministro da Fazenda na gestão de Itamar, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que venceu a eleição, em 1994, para presidência da República por ter participado de um marco na economia brasileira: o Plano Real, que finalmente conseguiu controlar a inflação do Brasil, o primeiro passo para uma estabilidade econômica do País.