Não foi a Reforma da Previdência, que está em vias de ser votada na Comissão Especial da Câmara, ou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que acaba de completar seis meses, mas sim a defesa do ministro da Segurança Pública Sergio Moro e, consequentemente, a Operação Lava Jato e o Pacote Anticrime as principais bandeiras defendidas no ato realizado nesse domingo (30) à tarde no Recife. Saindo da concentração na Padaria Boa Viagem, na avenida homônima, grupos de direita seguiram até o Segundo Jardim em passeata, desta vez capitaneada pelo Movimento Vem Pra Rua, com a participação de outros grupos como Liberta Pernambuco e Direita Pernambuco. Segundo a organização do ato, o público era de 10 a 15 mil pessoas.
Grupo que ganhou força durante o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, o Vem Pra Rua não participou oficialmente do ato pró-governo no último dia 26 de maio. “A última manifestação tinha um alinhamento e de apoio direto para o presidente. Nós não apoiamos o presidente pessoalmente, e sim as ideias, os projetos, como também apoiamos todos os projetos do ministro Sergio Moro, as dez medidas do Ministério Público Federal e a Reforma da Previdência de Paulo Guedes”, afirmou um dos coordenadores do movimento, Marconi Ferraz.
Os manifestantes saíram em defesa da Operação Lava Jato, do chefe da Força Tarefa, o procurador Deltan Dallagnol e, principalmente, a favor de Moro. Uma clara resposta a publicação de mensagens pelo Intercept Brasil atribuídas a ele e aos procuradores da operação. O trio principal Mensagens como “Moro e Deltan patrimônios do povo brasileiro”, “Mexeu com Moro, mexeu com o povo” e “In Moro we trust” - em alusão a uma das mensagens de Moro sobre o ministro do STF Luiz Fux - ilustravam os cartazes.
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“É uma inversão de valores, quando eles (integrantes da Operação Lava Jato) estão cumprindo o papel deles em investigar, os criminosos estão querendo incriminar quem está investigando eles. A necessidade é essa, mostrar para eles que o Brasil não aceita qualquer posição a favor da corrupção, dos políticos viciados na antiga política, no toma lá dá cá”, conta a arquiteta Onilda Lira.
Congresso
Havia também muitas palavras de apoio à “Reforma de R$ 1 trilhão”, referindo-se à desidratação da proposta original da PEC da Previdência a partir do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-PE), com a retirada de pontos como os estados e municípios, aposentadoria rural e Benefício de Prestação Continuada (BPC). “A reforma de R$ 1 trilhão é necessária para sustentar o país pelos próximos 15, 20 anos. Ela abaixo de um trilhão, daqui a cinco, seis anos, o próximo presidente vai ter que fazer uma outra reforma, então não é viável”, avalia o presidente do Liberta Pernambuco, Wilker Cavalcanti.
Alguns pediam até o fechamento do Congresso Nacional, apontado como ameaça para a aprovação tanto da Reforma da Previdência quanto do Pacote Anticrime, que está com sua tramitação travada na Câmara dos Deputados e enfrenta a resistência dos parlamentares. “Nós votamos no governo para fazer o que ele está querendo fazer e o Congresso não está deixando. Essa é a realidade. Teria novas eleições não para presidente, mas para o Congresso”, diz farmacêutico Romoaldo Valério, de 68 anos. Ele também não poupa os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que em agosto devem retomar o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula sobre a suspeição de Sergio Moro. “Queremos novos juízes do STF. Nós precisamos um STF isento, através de concurso e não de indicação”, finalizou.