CRÍTICAS

Movimento Ética e Democracia divulga manifesto contra Jair Bolsonaro

O documento, intitulado de ''O Brasil carece de um presidente'', faz duras críticas à postura do presidente e as políticas adotadas nas áreas de educação, ambiental, relações exteriores e segurança pública

Douglas Fernandes
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Douglas Fernandes
Publicado em 02/08/2019 às 21:30
Foto: Bianca Sousa/ JC Imagem
O documento, intitulado de ''O Brasil carece de um presidente'', faz duras críticas à postura do presidente e as políticas adotadas nas áreas de educação, ambiental, relações exteriores e segurança pública - FOTO: Foto: Bianca Sousa/ JC Imagem
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Após uma série de declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o Movimento Ética e Democracia, formado por profissionais liberais de diversos setores e empresários, resolveu divulgar um manifesto contra o chefe do Executivo.

Intitulado “O Brasil carece de um presidente”, o documento faz duras críticas à postura de Bolsonaro e as políticas adotadas nas áreas de educação, ambiental, de relações exteriores e segurança pública. A última fala do presidente sobre Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, desatou de vez a articulação para o novo manifesto. Segundo o grupo - que visitou a redação do SJCC nessa sexta-feira (2) -, Bolsonaro “passou dos limites”. Para o movimento, o presidente "aposta no conflito, com pronunciamentos arrogantes, agressivos e desrespeitosos".

“Com talento especial para envenenar a política, Bolsonaro se revela líder de uma facção ideológica, provocando dissenso e discórdia, e fomentando o ódio. Nada a ver com um chefe de Estado que mira o dever de empenho em negociação política para construção de convergências em torno de medidas pró-desenvolvimento do país”, diz trecho do manifesto, que conta com mais de 20 signatários, incluindo o deputado federal e ex-governador Raul Henry (MDB) e o ex-ministro Cristovam Buarque (Cidadania).

No primeiro turno das eleições de 2018, o movimento se posicionou contra o bolsonarismo e o lulismo, representado na candidatura do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). E buscava uma união entre as candidaturas do chamado “centro democrático” que disputasse com um dos pólos que polarizaram a disputa pelo Palácio do Planalto, o que acabou não ocorrendo. Na segunda etapa, integrantes do grupo se dividiram entre a escolha por Haddad e a anulação do voto.

Com sete meses de governo Bolsonaro, eles avaliam que a política econômica com o avanço da reforma da Previdência no Congresso e o acordo de comércio do Mercosul com a União Europeia como exceções positivas desse período. Os integrantes fazem questão de ressaltar, contudo, que a pauta da economia tem avançado “independentemente e apesar” do presidente.

“Na área econômica, tem se dado alguns passos importantes. Fora isso, nós entendemos que esse governo é um desastre do ponto de vista político, da sociedade, ambiental e, inclusive, envergonhando o Brasil diante da opinião pública internacional”, afirmou o escritor e economista pernambucano Sérgio C. Buarque, um dos fundadores do grupo, criado em setembro de 2015, durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a qual se posicionou favoravelmente.

No manifesto, a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para comandar a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, também é alvo de críticas. Para o economista, a indicação do filho do presidente - que precisa do aval do Senado - é de um “nepotismo total”. Promessa de campanha de Bolsonaro, a flexibilização do porte e da posse de arma também são contestadas pelo grupo.

O grupo também aponta um “desmonte da política ambiental” e “o ridículo da negação das mudanças climáticas” e exige o “cumprimento das metas brasileiras no Acordo do Clima”. A intenção de Bolsonaro de apresentar um projeto para liberar a exploração de garimpo em terras indígenas também é rejeitada pelo movimento. E cobram ainda a “definição de uma política educacional capaz de construir um pacto nacional pelo desenvolvimento das capacidades humanas”.

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