O novo presidente do Tribunal de Contas de Pernambuco de Pernambuco (TCE-PE), Dirceu Rodolfo, tomou posse na manhã desta terça-feira citando filósofos, escritores num evento muito prestigiado pelo mundo político. “O foco principal é tornar a atuação do tribunal mais efetiva e robusta na área de políticas públicas”, disse Dirceu Rodolfo. Segundo ele, essa é uma das formas da instituição chegar mais perto do cidadão. “Onde há política publica efetiva, o cidadão reconhece o Estado”.
Dirceu alegou que o TCE “caminha no sentido de estabelecer uma metodologia para analisar as políticas públicas em todas as suas etapas: na elaboração, aprovação, implementação, monitoramento e resultados”. E complementou: “A nossa intenção é depois dos resultados, indicar, na medida do possível, quais seriam os ajustes de rumo que têm que ser tomados para que as políticas públicas cheguem ao cidadão.
Ele considerou “desafiador” assumir a presidência do Tribunal num ano de eleitoral, quando o TCE envia uma lista, até julho, com os prefeitos que tiveram suas contas julgadas como “irregulares”, o que não tem a ver com inelegibilidade. Essa última é decretada somente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). “Agora, a nossa ideia é conclamar o cidadão para entrar no site do TCE e ter acesso às peças simplificadas daquilo que ensejou o TCE a decidir pelas irregularidades das contas. É uma forma do cidadão entender porque aquele político consta da lista”. Dirceu Rodolfo também pretende criar um tipo de Procon no qual os cidadãos podem se queixar dos serviços dos órgãos públicos.
No discurso de posse, Dirceu Rodolfo citou uma frase do historiador israelense Yuval Harari que “temos de pensar no futuro como ficção científica, pois quando ele se corporificar é provável que o imaginado se confirme”. Também citou ensinamentos do filósofo Aristóteles “a natureza não produz qualquer das virtudes morais em nós”. Tanto o filósofo como o novo presidente do TCE defendem que as virtudes vem do hábito. “Esse último tem a força de perenizar as boas práticas nas instituições”, revelou Dirceu, ainda no seu discurso. Ao terminar a sua mensagem, ele foi aplaudido de pé por uma plateia composta por parlamentares, prefeitos e funcionários do próprio TCE.
A mesa posse do conselheiro foi formada pelo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro; o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), entre outras autoridades. “O novo presidente, Dirceu Rodolfo, conhece a casa como poucos, vai ter essa experiência importante como presidente do Tribunal de Contas de conduzir pelos próximos dois anos e dar continuidade a gestões exitosas que muito fizeram bem. A população cada vez mais cobra a boa aplicação dos recursos públicos e a transparência”, disse o chefe do Executivo, alegando que ele é “um profundo conhecedor do controle externo”, uma das principais atividades exercida pelo TCE.
O prefeito do Recife, Geraldo Júlio, contou estar feliz com a posse de Dirceu. “Eu que sou aqui da casa, acompanho toda a evolução do tribunal. E agora é mais uma oportunidade com o novo presidente de também dar novos saltos. A cada gestão, o tribunal tem surpreendido com novas ações, sempre ajudando os municípios e o Estado a serem cada vez mais eficientes”, complementou.
PERFIL
Dirceu Rodolfo foge do padrão tradicional de presidente do TCE. “É o primeiro membro egresso do Ministério Público de Contas (MPCO) a presidir o TCE”, lembrou o conselheiro Valdeci Pascoal num texto de apresentação sobre Dirceu Rodolfo lido na solenidade. O atual presidente do TCE entrou, por concurso, no MPCO em 1993, toca guitarra, luta karatê e é muito antenado. No seu discurso citou os Rolling diversos autores, indo desde o clássico russo Boris Pasternak a escritora americana Toni Morrison, e um dos maiores tradutores da atual realidade: Yuval Harari.
Também estiveram presentes a posse: o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro; a superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Carla Patrícia Cintra; o presidente da Câmara do Recife, Eduardo Marques (PSB); a presidente da Academia Pernambucana de Letras, Margarida Cantarelli, o comandante do Cintacta III, o brigadeiro do ar Cesar Farias, entre outros.