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Igor Maciel: PSB quem procurou PSL, antigo partido de Bolsonaro, para aliança no Recife

A direção do partido de Luciano Bivar vem conversando com integrantes da oposição há meses

Igor Maciel da coluna Pinga-Fogo
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Publicado em 16/01/2020 às 10:26
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A direção do partido de Luciano Bivar vem conversando com integrantes da oposição há meses - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Igor Maciel*

Foi o PSB quem procurou o PSL para saber sobre a disposição do partido em voltar a integrar a Frente Popular. O partido, que já foi "de Bolsonaro", integrava a base de Paulo Câmara (PSB) na eleição de 2014, então não seria uma grande novidade, exceto pelo tamanho que a sigla tem hoje. Nada foi fechado e o PSL segue aberto para negociações, com todos os campos, inclusive.

A direção do partido de Luciano Bivar vem conversando com integrantes da oposição há meses, mas nenhum dos encontros resultou em nada de concreto, nenhuma proposta de trabalho para a campanha foi apresentada e ainda não há nem um entendimento sobre o número de candidatos da oposição no Recife. Além disso, o PSL quer conversar sobre outros municípios também, mas tudo estava travado. Aí surgiu o PSB.

Segundo interlocutores dentro do partido, o PSB percebeu o vácuo e buscou um entendimento. O PSL é o segundo partido com o maior tempo de TV e Rádio da eleição. É também o que vai receber o segundo maior valor do fundo eleitoral. Cabe lembrar que a saída de Bolsonaro só poderá causar algum prejuízo ao PSL após 2022, porque o que vale no cálculo do TSE para os próximos três anos é o número de cadeiras que a sigla alcançou em 2018. Mesmo que todos os deputados saíssem para seguir o presidente no Aliança pelo Brasil, o valor que o PSL vai receber até 2022 será referente a sua bancada eleita em 2018. Hoje, o PSL é como o provedor de uma família que ganha o suficiente para sustentar 52 pessoas, até que metade deles vai embora, diminuindo os custos, mas ele continua recebendo como se ainda tivesse 52 filhos para sustentar por mais três anos.

Talvez, acomodados com a ideia de que o PSL, onde estava Bolsonaro até pouco tempo, com todo o discurso antipetista e com todas as críticas ao Governo do Estado e à Prefeitura do Recife, a oposição acreditou que o PSL nunca iria compor com uma frente de esquerda como a do PSB, que hoje conta com PT e PCdoB, por exemplo. É só por isso, aliás, que apesar do cochilo a oposição ainda vai poder retomar as conversas. A verdade é que o PSL não terá vida fácil, internamente, para explicar uma união com o PSB. Muitos dos que ficaram no partido, mesmo não seguindo Bolsonaro, identificam-se com as ideias do liberalismo ou simplesmente viram uma oportunidade de integrar um partido com estrutura, sem as confusões causadas pelo Presidente da República. Deixar tudo de lado para se aliar com o PSB não está nos planos desses remanescentes.

Mas a aproximação do PSB ficou como recado de que tudo é possível, sim.

Igor Maciel é colunista de política do Jornal do Commercio*

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