Igor Maciel, da coluna Pinga Fogo*
O PSB tenta passar naturalidade com a possibilidade de saída do PT da Frente Popular, mas vai ter que mudar parte da estratégia para 2020. É que a polarização pode ser arriscada, caso Marília Arraes consiga se firmar como a candidata de Lula e da esquerda, tendo um candidato à direita, como Patrícia Domingos ou Joaquim Francisco (PSDB), por exemplo, do outro lado. O PSB e a oposição mais ao centro correriam em paralelo, tentando alcançar essa polarização e representá-la de alguma maneira.
Quem não lembra que Geraldo Júlio (PSB), do ano passado pra cá, começou a colocar a culpa de tudo em Bolsonaro? As comparações com Fortaleza e Salvador surgiram exatamente para mostrar que o argumento era furado, já que a a cidade baiana e a cearense não são governadas por aliados do presidente e, mesmo assim, estão saindo da crise muito melhor que a pernambucana. Mas a realidade não importava, porque objetivo do PSB era fixar-se como um dos polos da briga prevista para outubro e, ao mesmo tempo, segurar o PT no palanque.
Leia mais comentários de Igor Maciel:
Humberto quer Marília Arraes fora das eleições 2020 no Recife para não atacar PSB
Desta vez, Marília Arraes deve ser candidata do PT no Recife
Bolsonaro tem ciúme de Sergio Moro
Salvador deveria ser exemplo para o Recife na atração de verbas privadas
Se todo ano for de eleição, passagem de ônibus no Grande Recife nunca vai aumentar
Como já foi repetido aqui, o antipetismo é grande no Recife, mas o lulismo é capaz de colocar alguém no segundo turno. O problema é que, havendo mesmo a candidatura de Marília, tendo Patrícia Domingos no outro campo, como anti-PT, o papel do PSB terá que mudar. O pior é que, buscando sucesso próprio, os socialistas podem acabar tendo seu protagonismo ameaçado e ainda serão responsáveis pelo clima de polarização nacional semelhante ao de 2018 em plena capital pernambucana. No fim, o PSB ajudou Marília.
Todo mundo sabe como isso acabou para os partidos mais ao centro, tanto da esquerda quanto da direita, em 2018. Nos bastidores, a “tecnologia de votos”do PSB é sempre muito elogiada. Pois ela vai ter que trabalhar como nunca nessa eleição pra reverter um problema que pode ter sido criado pelo próprio PSB. A alternativa pode estar em outra polarização: a dos primos. É que uma disputa familiar sempre cai bem em monarquias e assemelhados. É aguardar pra conferir.
*Igor Maciel é titular da coluna Pinga Fogo, no Jornal do Commercio
