Educadora, historiadora e pesquisadora, Marieta Borges é daquelas pessoas que têm inspiração a toda hora. É com prazer e sorriso sempre largo que ela compartilha conhecimentos. Não à toa, investiu no ofício de professora para ensinar mesclando música e poesia. E, nesse percurso, descobriu a ilha de Fernando de Noronha, que virou a menina de seus olhos. Nessa conversa com Cinthya Leite, ela fala de suas muitas paixões.
JC - O mundo da arte a seduz?
MARIETA BORGES – Desde criança, fui contagiada por culturas diferentes e ricas. Como meu pai era português, sempre se cantava fado em casa. Isso me emocionava muito. Cresci cantarolando jornadas de pastoril. Tenho 36 delas decoradas. E assim me tornei percussionista, com a música sendo uma válvula de escape para mim. Canto até na Igreja do Carmo, em Olinda.
JC – A escrita também é um combustível?
MARIETA – É mais uma paixão. Sou daquelas pessoas que têm inspiração a toda hora. Colocar as ideias e os sentimentos no papel, fazendo uso de diferentes linguagens, é uma necessidade. O meu primeiro cordel chama-se Dom Helder no céu. E outros dois folhetos, O mistério da Cacimba do Padre e A lenda do Capitão Kidd, têm como mote os cenários paradisíacos de Fernando de Noronha.
JC – O arquipélago é um xodó?
MARIETA – A minha curiosidade me fez estreitar laços com Noronha. Quando cheguei lá, na década de 1970, para formar professores da ilha, percebi que eles pouco sabiam sobre a história do arquipélago. Essa realidade me impulsionou a fazer um resgate histórico e sociocultural de Noronha. Como consequência, escrevi três livros sobre a ilha.
JC – O que mais a encanta em Noronha?
MARIETA – Gosto muito da Baía dos Porcos, para a qual já fiz um poema. Também acho linda a visão que temos da Capela de São Pedro.
JC – É maravilhada pela vida?
MARIETA – É ela que me alimenta. Fora do trabalho, tenho uma rotina que me atrai: gosto de caminhar pelo Parque da Jaqueira, fazer hidroginástica, tomar um café com minhas filhas e conversar com meus netos. Sou só felicidade.
JC – O blog marietaborges.com também traz prazer?
MARIETA – Nele, troco ideias e experiências com pessoas de todo o mundo curiosas em saber mais sobre nossa história, arte popular, patrimônio e personagens de Pernambuco.
JC – No blog, a senhora fala como descobriu Salustiano. Foi um momento especial?
MARIETA – A primeira vez que o vi foi lá pela década de 1970, num terreiro em Olinda, que sempre despertou a minha atenção pelas lindas festas. Perguntei se ele gostaria de ensinar maracatu, ciranda e outras artes às crianças. Em pouco tempo, ele estava nas escolas de bairros da cidade. E foi assim que se popularizou o mestre do saber popular, que recheia minhas boas recordações.