Carnaval

Fantasias levam glamour à passarela

Beleza e inventividade dão vida a figurinos que vestem a emoção de desfilantes como João Bosco

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 17/02/2014 às 18:38
Foto: Igo Bione/JC Imagem
Beleza e inventividade dão vida a figurinos que vestem a emoção de desfilantes como João Bosco - FOTO: Foto: Igo Bione/JC Imagem
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Desde a primeira edição do Baile Municipal do Recife, em 1961, o concurso de fantasias resplandecia pela grandiosidade. No primeiro ano da festa, venceram Ana Maria Ramiro Costa Caldas, vestida de Rainha Elizabeth I, e Mirna Botelho, de Princesa de Bagdá. Ambas foram na categoria Luxo. “Já em Originalidade, ganhou o grupo Canibais Guerreiros”, conta o colunista social Fernando Machado, que guarda um acervo histórico e fotográfico de muitos bailes passados.

Após cinco décadas, o glamour e a beleza das criações que ganham as passarelas continuam a reluzir, graças à devoção imensa dos participantes. O enfermeiro João Bosco Mendonça, que já contabiliza 40 anos como desfilante do Municipal e do Bal Masqué, diz que só permanece com as criações porque preserva um sentimento inexplicável pela magia que está por trás das fantasias.

“Se não fosse isso, já teria parado há muito tempo. A gente faz tudo isso por amor”, relata o desfilante, que deu seus primeiros passos aos 14 anos, como ajudante de Almir da Paixão.  A estreia de João Bosco nos bailes aconteceu em 1974 no Bal Masqué, com a fantasia Navio negreiro. Ele começou na linha da originalidade, mas percebeu que ficou uma categoria muito repetitiva com o passar dos anos. “Uma prova disso é que, na década de 1980, usei uma fantasia linda, a Sacerdotisa de Iemanjá, feita com mais de mil CDs cortados. Passei despercebido no Municipal. A partir de então, investi na categoria Luxo.”



Neste ano, João Bosco caprichou na confecção para o concurso do Municipal e subiu ao palco com a vestimenta Maracatu Nação Leão Coroado – 150 anos de glória. Toda a criação, que custou R$ 30 mil, pesa 80 kg. A pesquisa para iniciar a peça vem desde setembro. Com o tema escolhido e o desenho da roupa em mente, o trabalho seguinte foi a produção dos bordados.

“E procuro logo um ferreiro, que produz a armação que sustenta toda a fantasia”, diz João Bosco. Sempre quando chega janeiro, ele já está correndo bastante para dar conta de toda a criação. Desta vez, fez tudo praticamente sozinho, pois só contou com uma equipe de ajudantes nos últimos dias antes dos desfiles. “Com ou sem apoio, o produto só fica pronto horas antes de subir à passarela.”

Na reta final, ele ainda tem que se multiplicar para cumprir a agenda de desfilante e de enfermeiro em hospital público. “Durmo só quatro horas por dia na última semana.” E mesmo com tantos anos de experiência, ele assume que fica meio agoniado às vésperas dos desfiles. “A ansiedade só acaba quando eu me visto. E tenho as minhas exigências: a cabeça da fantasia sou eu que coloco. Só me sinto seguro assim. Para colocar o restante da roupa, conto com ajuda.”

Quando está na passarela, ele ressalta que interpreta e incorpora bem o personagem. “Não tem essa coisa de só carregar a fantasia. É um momento de realização. Então, tenho que caprichar”, finaliza João Bosco.

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