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Maria Bethânia está "conectada", senhores

Perfil no Facebook brinca com as canções e os bordões da cantora baiana, com muito bom humor

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 20/07/2014 às 6:50
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Arredia. Completamente arredia e desligada a qualquer coisa que diz respeito à internet. “Acho horrorosa a coisa virtual”, sentenciou Maria Bethânia em entrevista, em 2012, a uma revista nacional. “Não gosto, uso muito pouco. Sou careta, antiga, fora de moda. Tenho um e-mail, só para trabalho mesmo, em que respondo ‘sim’, ‘não’, ‘talvez’”. Reservada como só ela, Bethânia tem um oásis próprio longe das tecnologias, e vai pela tangente, em contramão a tantos outros artistas nacionais que acharam nos blogs e facebooks da vida o encontro com seus fãs sem grade de ferro. A cantora baiana, no entanto, ainda prefere o cara a cara, mas nem imagina que caiu na graça das redes sociais – mesmo sem usá-las – para a alegria dos que lhe admiram e gargalhadas dos que adoram uma boa piada. 

Bethania Verde (ou Bethaverde, para os mais íntimos) é um perfil perspicaz e faz anedota sobre as divas da música popular brasileira, sempre com o “olhar” da Maricotinha. O perfil foi criado inicialmente em março de 2010, no Twitter, onde tem pouco mais de 700 seguidores, e migrou no mês de maio para o Facebook. A página lança diariamente frases e imagens com trocadilhos e paródias, usando como referências trechos de músicas de Maria Bethânia, a amizade dela com outros artistas brasileiros, seu temperamento forte e os bordões da cantora – como o famoso “Obrigada, senhores”, que ela sempre solta aos finais dos aplausos da plateia, ou o “Estou co-mo-vi-da”, sobre a emoção que sente no palco. 

Tudo isso é alimentado por um fã de Bethânia, que preserva o anonimato tanto quanto sua ídola é reservada. Ele aceitou a entrevista com a contrapartida de não se identificar. Apenas disse ser “um estranho rapaz com um olhar estrangeiro”. “Tem que ser fã, tem que conhecer carreira, ir aos shows, procurar detalhes da vida da Abelha”, afirma o autor do microblog. “Acho que Bethaverde é engraçada e importante (somente) para os fãs de Bethânia. Se for uma pessoa que gosta (e somente gosta) vai dizer que é sem graça.” 

A ideia de criar Bethaverde veio mesmo da admiração. “Bethânia é amada por mim e por muita gente. Então parece que tudo começou assim: amando. Quando se gosta de alguém, há um interesse que escapa ao trabalho artístico e deságua inevitavelmente no lado pessoal da vida”, explica o autor, que vive no Recife, mas não é daqui. “Bethânia é uma figura que trabalha com palavras, me parece também que com estratégias. Frases de efeito. Enunciados risíveis. Ironia. Então comecei a imaginar como seria a Abelha no cotidiano falando trivialidades. E a imaginação me fazia ‘gargalhar’.” 

Sobre o fato de a intérprete brasileira – “a filha mais acinturada de Dona Canô”, como ela é adjetivada no perfil – ser arredia à tecnologia, Bethaverde vai além, e até sonha: “Acho que talvez Bethânia pudesse gostar de Bethaverde. Acho que meu texto no personagem é fatalmente exagerado, subversivo e bastante cínico. Ainda bem que ele não aspira a ter compromisso com a verdade. Ele só quer criar problemas de ordem lógica, algo próximo da loucura, da ilusão, da falha. Pura confusão”. Sendo assim, quem sabe, Maricotinha fique “co-mo-vida”.

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