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Conheça histórias de pessoas que largaram os empregos para ter um food truck

Animados pela febre da comida vendida sobre rodas, ex-funcionários viram empreendedores no ramo

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 31/05/2015 às 6:00
Foto: André Nery/JC Imagem
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Largar o emprego que não satisfaz mais, ter o próprio negócio trabalhando no que gosta e fazendo o seu horário é o sonho de muita gente. É um movimento que ganha cada vez mais adeptos com a chegada da febre dos food trucks ao Recife. Quem trocou a rotina do escritório pelo comércio de comidas e bebidas nas ruas não tem se arrependido.

Para alguns, os ganhos têm sido até três vezes o salário que recebiam no “mercado formal”. É o caso de Karina Lima, ex-gerente de uma loja de decoração e hoje dona da Dalú Gourmet, uma bike de brigadeiros. “Comecei conciliando com o emprego, mas, quando vi a demanda crescer, pedi demissão para me dedicar”, diz. Casada, mãe de um filho, recebeu apoio em casa para tocar o projeto.

Sueli Lucena, que atuava na área de marketing em uma escola de idiomas, vai colocar, em breve, na rua o seu Tuk Tuk Sabores do Mundo, de comida indiana. “Pesquisei e vi que era uma tendência de mercado. Além de aliar o projeto à nossa personalidade”, explica. O investimento na compra e adequação do veículo chegou a R$ 45 mil. Outro empreendedor do ramo, Plácido Neto, trocou a empresa de transporte de funcionários entre Recife e Suape, que existia há 20 anos, pela comida de rua. A primeira van foi de sushi, o Temaki Arretado. Deu tão certo que já abriu mais duas – uma de cachorro quente e outra de frango crocante, que está sendo finalizada. “Passava os finais de semana nas oficinas, na manutenção das vans. Foi um período cansativo e longe da família. Hoje eu sou meu patrão, se estou cansado, não trabalho”, diz.

Foto: André Nery/JC Imagem
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A rotina de professor de direito também chegou ao limite para Fernando Tasso, que trocou a sala de aula por uma Kombi onde vende cervejas. “Estamos no começo, mas felizes com a rotina”, afirma. O administrador César Francisco aproveitou o programa de demissão da construtora em que atuava como gerente de compras para vender batatas nas ruas, com o Loop Chip. “Viajei muito a trabalho e passei muito tempo longe da família. Na empresa, era a hora certa de sair. No começo, minha esposa achou um pouco estranho, mas recebi total apoio”, comenta. 

Jonathan Ferreira, do Seu Cachorro Gourmet, deixou o cargo de gerente comercial de um aplicativo de pedidos delivery de comidas. “Ia muito a São Paulo a trabalho e vi que lá o food truck é um sucesso. Meus próprios clientes me deram dicas. É mais vantajoso que ter um restaurante pelo baixo custo de investimento”, diz. Ele afirma que investiu R$ 110 mil no negócio.

O negócio tem crescido a ponto de surgirem consultores na área. Frederic Araújo trabalhava na área de tecnologia. Deixou para montar um food truck, mas a sociedade foi rompida. Usa a experiência hoje para orientar outras pessoas. No momento, tem oito projetos sendo tocados, entre eles clientes de João Pessoa. “Tem gente que não faz a menor ideia do que é ter um food truck e outras que já chegam com tudo em mente”, diz. Augusto Ferreira Pinto usou a experiência empresarial da família para montar sua empresa de fabricação de food trucks. “Oriento os clientes desde a apresentação dos produtos, higiene do espaço, até noções de empreendedorismo”, afirma.

Conheça as histórias:

Triplicando os ganhos

Depois de ler em uma revista o sucesso de uma estudante de medicina que custeava os estudos com a venda de brigadeiros, Karina Lima se entusiasmou e resolveu investir no seu negócio. Começou fazendo pequenas encomendas e montou sua primeira bike. A segunda já foi comprada. Hoje, ganha três vezes mais do que o salário que recebia como gerente de vendas de uma loja de decoração. O sucesso surpreendeu. “Não pensava que ia dar tão certo. Quando decidi largar o emprego, minha família me chamou de doida”, afirma. 

Adeus sala de aula! 

A rotina de professor de direito chegou ao limite para Fernando Tasso (de camisa preta, ao lado do sócio Diogo Suassuna). Comprou uma Kombi 1975, reformou o veículo e o transformou em uma cervejaria ambulante. Gostou tanto que já está montando o segundo truck, que vai servir alimentos. “Mudei de um trabalho intelectual para um braçal. Dirigir uma Kombi já exige força, além de carregar as caixas de cerveja. Ainda estamos no começo. Estou feliz com uma rotina diferente, mas prazerosa”, diz. A ideia de largar a faculdade surgiu no ano passado, quando começou a pesquisar sobre o assunto.

Dicas de ex-clientes

“Já tinha vontade de montar meu restaurante e apostei tudo no food truck. Depois de perceber o sucesso em São Paulo, vi que tinha espaço para esse tipo de negócio crescer no Recife”, diz Jonathan Ferreira, 32 anos, do Seu Cachorro Gourmet. Ele trabalhava para a empresa que detém um aplicativo de pedidos de comida e buscou informações com os próprios clientes sobre o empreendimento. “Eles foram me dando toques, principalmente quando ia a São Paulo, onde o mercado já é bastante grande”, acrescentou. Desde o Carnaval, Jonathan estaciona seu food truck normalmente em Olinda, cidade que ainda carece do serviço de alimentação na rua.

Antigo na praça

Augusto Ferreira Pinto Filho nasceu numa família de empresários e trabalhava no grupo. Mas uma hora quis montar seu próprio empreendimento. Em 1990, aceitou o conselho de um dos clientes e investiu na fabricação de carrinhos de cachorro-quente. Nos tempos atuais, evoluíram para traillers de comida. “De uns três anos para cá, houve um aumento significativo nos pedidos de orçamento. Me inspirei numa cena de Paris, em que um carro de comida está parado perto da Torre Eiffel. Pesquisei e vi que era sucesso nos Estados Unidos”, disse. O projeto foi adaptado para o mercado do Nordeste. Em São Paulo, cita o empresário, gasta-se a partir de R$ 150 mil para entrar no negócio. Aqui, oferecem-se traillers a partir de R$ 15,9 mil. O cliente pode personalizar de acordo com o tipo de comida que vai oferecer.

Visão por dentro

A experiência na construção do próprio food truck levou Frederic Araújo a atuar como consultor para quem quer montar seu empreendimento. “Firmei parceria com empresas para montar os veículos. Isso barateia para os clientes”, afirma. Após o rompimento da sociedade no truck, ajuda outras pessoas desde a elaboração do projeto até a identidade visual, discutindo todos os detalhes e acompanhando a reforma dos veículos. Frederic largou o emprego na área de tecnologia para ingressar no setor. “Identifico se o negócio é mesmo para um carro. Algumas vezes se resolve com uma bicicleta”, explica. Segundo ele, o trabalho de consultoria proporciona um retorno financeiro mais rápido.

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