Gastrô

Afeto e aconchego: as grandes sacadas do Malakoff Café Gourmet

Local investe no clima de nostalgia provocados pela especialidade da casa, o café coado

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 06/09/2015 às 8:46
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Como é injusto o sentido adicional atribuído ao sabor amargo. Veja o café, por exemplo. Existe algo mais figurativamente doce que cheiro de café coado pela casa e servido em uma canequinha de ágata? Você pode nem ser amante de café, mas com certeza essa cena vai remeter a uma sensação muito próxima à de aconchego. Foi essa a grande sacada – e é o maior trunfo – do Malakoff Café Gourmet, um cantinho para ser descoberto na esquina da Abdias de Carvalho com a Rua Alfredo Pereira Borba, no bairro do Prado, Zona Oeste do Recife. 

Na contramão de redes espalhadas pela cidade, a especialidade do lugar são os cafés coados (nove métodos, sendo oito quentes e frio). Para harmonizar com o cardápio de ares artesanais, o ambiente é repleto de fofuras: mesas feitas com pés de máquina de costura, cadeiras antigas reaproveitadas e coloridas, parede com pintura imitando uma lousa cheia de mensagens, lustres feitos com filtros e canecas de café e mais outros tantos detalhes esperando para serem descobertos.

Tudo faz parte de um desejo antigo do casal de proprietários, Alan Cavalcanti (o barista) e Talita Marques. “Estávamos insatisfeitos com nosso trabalho e queríamos montar um negócio próprio. Chegamos ao acordo de que seria um café, mas não queríamos franquia. Então começamos a pesquisar o mercado e vimos que, mesmo com o hábito de frequentar cafés, as pessoas preferiam o que era preparado em casa. Encontramos um nicho”, lembra Alan. Daí em diante vieram os cursos de barista, a procura por um ponto e a definição pelo estilo caseiro do ambiente. A inauguração aconteceu em março deste ano.

Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Ao chegar, o cliente se depara com Alan, Talita, dois funcionários e um estagiário. Ou seja, a todo momento o atendimento acontece pelos próprios donos ou sob o olhar atento deles. “Depois de ter vindo várias vezes aqui, cheguei um dia e disse que não estava com muita vontade de tomar café. Aí Talita me perguntou ‘Por que não experimenta uma soda italiana? Você ainda não provou’. Ou seja, ela lembrou o que eu já tinha tomado e já conhecia meu gosto”, elogia a empresária Hilda Teles, 45 anos, cliente assídua do café.

Além da soda italiana (nos sabores laranja, tangerina, limão siciliano, maçã verde e cranberry), o lugar ainda serve – além dos cafés coados – o tradicional espresso. Para acompanhar, o cardápio é principalmente regional, com bolos de tapioca, banana e, claro, de café. “A receita foi desenvolvida por nós. Vimos algumas coisas que as pessoas faziam, mas não era o que queríamos. Então chegamos ao nosso bolo”, conta Talita orgulhosa do resultado feito com massa branca e recheio cremoso de café. Mesmo com tantas delícias, vale a pena se concentrar na especialidade da casa. Sobre o balcão, os nove tipos de filtros ficam expostos para que os clientes, além da bebida, tenham uma aula sobre os diferentes tipos de preparo, moagem e tipo de grão, e concentração do sabor. O barista explica tudo enquanto prepara.

Para os paladares acostumados com os espressos da vida, a diferença é gritante. A bebida feita pelo método globinho (assista abaixo), por exemplo, tem gosto tão apurado e leve que pode ser consumida sem adoçar (e sem que isso represente qualquer esforço para o apreciador). O preço médio do café coado sai por R$7.

Depois da aula, o café é servido na tal caneca de ágata. “Na primeira vez que vim aqui várias memórias boas vieram à tona. O café feito no coador de pano que perfumava a casa toda quando eu era pequeno e ia à casa da minha avó, no interior, em Bonança”, conta o advogado Luciano Santana, 38. O afeto despertado fez com que ele levasse ao local a avó, dona Maria José, 88, que aprovou. A estratégia – do sabor do café ao ambiente – funciona. Ou, pelo menos, passou pelo crivo de quem sabe tornar doce o que poderia ser só amargo.

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