Saúde

Dispositivos cardíacos implantáveis devolvem qualidade de vida a quem sofre de arritmias malignas

Por causa dessa tecnologia, brasileiros conseguem voltar aos exercícios físicos

Luana Ponsoni
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Luana Ponsoni
Publicado em 06/09/2015 às 7:04
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Por causa dessa tecnologia, brasileiros conseguem voltar aos exercícios físicos - FOTO: Divulgação
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Voltar a viver com plenitude é algo diariamente celebrado pelo professor de Educação Física Camilo Cavalcanti, de 37 anos, e pela médica Luciana Alves, de 41. Assim como muitos brasileiros, eles tiveram suas atividades bruscamente interrompidas pela descoberta de arritmias cardíacas malignas, mas conseguiram restabelecer completamente as suas rotinas depois de receberem dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis. Incluem-se aí as atividades físicas. Tanto que foram selecionados pela entidade sem fins lucrativos Twin Cities In Motion para integrar o time Global Heroes. Camilo e Luciana serão os únicos da América do Sul a compor o grupo de 25 corredores-heróis, que superaram problemas de saúde com dispositivos médicos, a disputar a Maratona Medtronic Twin Cities. A prova acontece no dia 4 de outubro, em Minnesota, nos Estados Unidos.

 

 

O evento terá a maratona em si (42km), além das corridas de 5km, 10km e 16km. E é dessa última prova que os brasileiros irão participar. 

Apesar de ficarem liberadas para se exercitar, nem todas as pessoas que superaram doenças cardíacas com dispositivos implantáveis podem realizar atividades tão intensas quanto a corrida. A favor de Camilo e Luciana contam os fatos de eles sempre terem praticado exercícios físicos e de o coração de ambos ser morfologicamente normal (sem outras alterações). Os dois são acompanhados por arritmólogos, cardiologistas especialistas em arritmia, e foram liberados por seus respectivos médicos a participar da Maratona Medtronic Twin Cities.

 

Ex-jogador da seleção brasileira de futebol de areia, Camilo descobriu que sofria de uma arritmia maligna classificada como taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica justamente em uma partida. Ele teve morte súbita, com o coração voltando a bater cerca de 15 segundos após o educador físico cair desacordado com o rosto na areia. “Recebi o diagnóstico no dia 1º de abril de 2009. Nunca esqueci essa data. Fiquei perdido, sem entender. Procurei a opinião de um segundo especialista em São Paulo e ele repetiu tudo que eu já tinha ouvido. Foi então que recebi o cardioversor desfibrilador implantável (mais conhecido pela sigla CDI) e recuperei a esperança de voltar a fazer exercícios”, contou.

O retorno às atividades físicas aconteceu de forma progressiva e sempre monitorada por testes ergométricos. Primeiro foram feitas caminhadas, depois corridas de cinco a 10 minutos até Camilo ser liberado para percorrer longas distâncias. Além do CDI, que dispara impulsos elétricos ao sinal da primeira irregularidade no batimento de seu coração, o educador físico também precisa tomar medicação todos os dias. “Fora isso, é vida normal”, resumiu.

A reconquista de uma rotina fora dos quartos de hospital foi feita pela neuropsicóloga Luciana Alves depois que ela se submeteu à cirurgia para a colocação de um marca-passo. O dispositivo monitora o coração continuamente e envia um pulso elétrico para compassá-lo quando seu próprio ritmo é interrompido, está irregular ou muito lento. Com isso, Luciana conseguiu superar um tipo de arritmia chamado de taquicardia sinusal inapropriada. 

Diferente de Camilo que descobriu a sua arritmia de forma inesperada, Luciana já convivia com sintomas como fadiga extrema, falta de ar e apagões. “Eu já acordava com o mal-estar. Antes de colocar o marca-passo, eu já tinha tomado todos os tipos de remédio, feito a ablação cardíaca (recurso para tratar arritmias via cateter), mas nada surtiu efeito. Nesse período, fiquei muito triste, porque tinha uma cabeça ativa em um corpo doente, que já não respondia a nada. Enquanto eu estava nesse processo, comecei a ler sobre tecnologias médicas e fiquei muito feliz em ter acesso a um dispositivo que me fez ter a minha vida de volta. Era o que eu mais queria. Comecei a enxergar um futuro para mim. Do jeito que eu estava, pensar no amanhã já não era uma possibilidade”, relembrou. 

Independente do tempo com o qual completem os 16km dentro da Maratona Medtronic Twin Cities, Luciana e Camilo já conseguiram o mais importante. Como Global Heroes que são comprovaram ser a vida a maior de todas as vitórias.

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