Matéria especial

O sucesso de Narcos aproxima o brasileiro da história de Pablo Escobar

Assassino, traficante, contrabandista e tantas outras definições negativas tornam a figura de Escobar, um dos maiores e mais ricos criminosos que o mundo já teve, um produto midiático como poucos

MARCOS OLIVEIRA
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MARCOS OLIVEIRA
Publicado em 24/10/2015 às 19:00
Ilustração: Vladimir Barros/ Foto: reprodução da internet
Assassino, traficante, contrabandista e tantas outras definições negativas tornam a figura de Escobar, um dos maiores e mais ricos criminosos que o mundo já teve, um produto midiático como poucos - FOTO: Ilustração: Vladimir Barros/ Foto: reprodução da internet
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Após o êxito mundial de Escobar, el Patrón del Mal, em 2012, a Netflix conta os louros de ter apostado este ano em outra série com o mesmo tema: a trajetória de Pablo Escobar, senhor das drogas que, durante anos, desestabilizou a Colômbia, país onde nasceu, viveu e morreu. Narcos, em que o Rei da Cocaína é interpretado pelo ator brasileiro Wagner Moura – está em fase de produção a segunda temporada que deverá ser lançada em 2016 – é aclamada pela crítica e público do Brasil e de fora. Assassino, traficante, contrabandista e tantas outras definições negativas tornam a figura de Escobar, um dos maiores e mais ricos criminosos que o mundo já teve, um produto midiático como poucos. Sem falar que a prisão construída por ele, mais parecida como um “spa do crime” – La Catedral – segue como um dos monumentos mais contraditórios da história colombiana. 

A vida de Escobar ficou mais conhecida agora no Brasil, mas outras produções já abordaram a história dele. Pelo menos, cinco grandes projetos foram rodados sobre o assunto – veja os trailers no JC Online – e outro segue em fase de produção neste momento. O ator hollywoodiano Tom Cruise está na Colômbia filmando Mena, que retratará a vida de um piloto funcionário de Escobar, recrutado pela CIA e transformado em agente duplo. 

O publicitário e roteirista colombiano Alec Crespo analisa porque a controversa vida levada por Pablo Emilio Escobar Gaviria acaba cativando audiência. “Ele é um anti-herói excelente numa indústria que procura personagens mais controversos que fujam do estereótipo de mocinhos convencionais. É uma tendência global, aí no Brasil não seria diferente”, comenta ele.

Se atrai público depois de morto, Escobar era muito temido durante a vida. Entre as décadas de 1970 e 1980, o chefe do cartel de Medellín chegou a enviar até 11 toneladas por voo em aviões próprios para os Estados Unidos. A estratégia para esconder a droga era bem criativa, sendo oculta em espaços mínimos da aeronave, como em pneus e por trás do painel da cabine de comando. Sempre contando com o aliciamento de autoridades colombianas e americanas, que faziam vista grossa quando identificavam que a aeronave, barco ou carro fazia parte da frota milionária do traficante. 

Estima-se que o cartel liderado por ele teve envolvimento em mais de cinco mil mortes ao longo dessas duas décadas em que seu poder esteve no auge, além de ter sido responsável pelo assassinato de três candidatos à presidência da Colômbia. Escobar não tinha limites – o número de mortos já mostra isso –, mas um caso em particular sublinha o fato: a derrubada do voo Avianca 203. Às 7h11, em 27 de novembro de 1989, uma bomba explodiu e arrancou parte do avião, que seguia para a cidade colombiana de Cali. Morreram 107 pessoas a bordo, e três em terra pela queda de detritos. O motivo para o traficante era justificável. Quem deveria estar nesse voo era o inimigo da vez: Cesar Gaviria, então candidato, que viria a ser eleito presidente da Colômbia. Gaviria não embarcou, mas o narcotraficante eliminou uma centena de vidas.

 

 

LA CATEDRAL 

Mas o que seria de um “artista da droga” sem uma obra-prima trágica para chamar de sua? De todas as fases da vida do narcotraficante a que mais atrai atenção é a temporada na prisão La Catedral, uma mansão construída sob suas ordens. No início da década de 1990, enfraquecido e prestes a ser preso e deportado para os EUA, acabou fechando um acordo com o governo colombiano. Em troca de não cumprir pena em solo norte-americano, ficaria cinco anos detido, com a promessa de parar a carnificina e não controlar mais o cartel. La Catedral mais parecia um spa. Apelidada também de Clube Medellín ou Hotel Escobar, entre outros luxos contava com campo de futebol e sala de jogos (veja os detalhes na arte). De lá, continuou a influenciar o crime. Em 1992, a informação vazou para imprensa e o governo resolveu prender, de fato, Escobar. Ele conseguiu fugir, sendo morto por oficiais colombianos um ano depois. Com tantos detalhes surreais numa vida, não impressiona que o olhar das grandes produções se volte para ela. Vinte e dois anos depois de morto, Pablo Escobar continua hipnotizando quem conhece a sua história. 

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