Fabricantes de TVs tentam chamar a atenção no Salão de Consumo Eletrônico (CES) de Las Vegas apresentando aparelhos gigantes que proporcionam imagens com qualidade cada vez maior.
"Para os consumidores americanos, maior significa forçosamente melhor", explicou à imprensa John Herrington, presidente da Sharp USA, que faz uma demonstração de força apresentando telas com mais de 1,5 metro de largura.
Mas a evolução para telas maiores é, na verdade, "um fenômeno mundial", segundo Stele Bambridge, analista do escritório GFK.
No entanto, a queda de braço entre as empresas não é só pelo tamanho, mas também pela beleza das imagens.
"Nós nos esforçamos em apresentar uma qualidade de imagem incrível em uma escala enorme", explica Havis Kwon, encarregado sul-coreano da LG.
Esta empresa expõe no CES, assim como a compatriota Samsung ou a japonesa Sony, uma tevê com mais de dois metros equipada com sistema de ultra-alta definição (HD), uma tecnologia que parece se impor como uma das estrelas do salão.
ULTRA-ALTA DEFINIÇÃO - A ultra-alta definição (ultra HD) reivindica uma qualidade de imagem quatro vezes superior à da HD atual, com telas com muito mais pixels e que difundem mais imagens por segundo.
As telas mostram um nível muito elevado de contraste, cores, brilho e profundidade de imagem. No entanto, para desfrutar do verdadeiro 3D, normalmente inclusive nestes aparelhos, ainda são necessários os óculos especiais.
Mas há quem aposte em outras tecnologias que melhoram a qualidade da imagem, como as telas de nova geração orgânicas e eletroluminescentes (OLEDs ou OEL). A LG é a única empresa que, até o momento, abriu pedidos para adquiri-las. No entanto, a japonesa Sony e a Samsung expõe cada uma um modelo do tipo.
A qualidade e a velocidade de atualização das imagens é tão elevada que os clientes podem dividir sua atenção: a TV da Samsung permite assistir a dois filmes diferentes ao mesmo tempo, pois cada espectador pode filtrar as imagens que lhe interessam com óculos especiais.
A Sharp, por sua vez, aporta fortemente em tecnologia própria de mais alta definição, a IGZO (sigla em inglês para os semicondutores que utiliza: óxidos de índio, de gálio e de zinco), e sugere outra inovação para 2014, denominada "tecnologia do olho de mariposa", uma vez que a tela é composta de cones microscópicos, como o olho de um inseto, o que se espera melhore ainda mais a qualidade da imagem.
No entanto, os analistas da associação de consumidores de eletrônicos dos Estados Unidos, a CEA, admitiam antes da abertura da CES que o mercado teria "necessidade de tempo para se desenvolver", estimando que a TV de ultra HD representaria apenas alguns pontos percentuais no mercado americano em 2015. Estes aparelhos, de fato, "não estão adaptados ao mercado de massas", pois são de altíssima tecnologia e, portanto, muito caros.
FALTA DE CONTEÚDO ADAPTADO - Phil Molyneaux, diretor de exploração da Sony, informou por outro lado que, além de sua televisão maior, o grupo lançaria na primavera modelos mais acessíveis, de 1,4 e 1,65 metro. Na mesma linha, a LG anunciou ainda dois modelos nestas dimensões.
Outro inconveniente é a falta de conteúdos de vídeo adaptados, razão pela qual estas TVs se contentam por enquanto em converter imagens de melhor qualidade.
Na Europa, o operador via satélite Eutelsat lançou nesta terça um canal de demonstração dedicada ao ultra HD, mas avalia que os primeiros canais comerciais não começarão a transmitir com este tipo de sinal até 2015 ou 2016.
A Sony prevê lançar um serviço de vídeo em ultra HD no mercado americano, enquanto a LG chegou a um acordo com a emissora coreana KBS e busca outros parceiros.
No entanto, os analistas dizem que os consumidores estão mais focados em outras funções nas novas televisões, especialmente na capacidade de reproduzir conteúdo em 'streaming' (em tempo real) de seus dispositivos móveis em telas maiores e vice-versa.
"Estamos vivendo em um mundo dominado pelos aplicativos, tanto em 'smartphones' quanto nos tablets ou na televisão", afirmou Kevin Tillman, pesquisador e analista da CEA.
"Os consumidores querem acesso a seus aplicativos a todo momento e usarão qualquer dispositivo, incluídas as TVs, que oferecem a melhor e mais conveniente experiência para o usuário", destacou.
A CEA afirmou que um em cada cinco adultos americanos possui um aplicativo inteligente compatível com as TVs em HD e que 90% as usa em seus dispositivos de alguma forma.