Nem nerds pouco sociáveis, nem desocupados, os blogueiros tanto fizeram que entraram para o seleto e outrora restrito hall de formadores de opinião. "O que está acontecendo agora é uma espécie de democratização da informação: tem mais gente gerando conteúdo nas mídias digitais que nas formais", avaliou o executivo da agência de publicidade para redes sociais boo-box e cérebro por trás da primeira rede profissional de blogs do Brasil, o InterNey Blogs, Edney Souza, que mediou a mesa Grandes poderes, grandes responsabilidades: a influência dos blogs na opinião pública, durante a Campus Party. . E isso é, ao mesmo tempo, bom e ruim, admitiu.
Para Edney, os blogs dão voz a quem tem e a quem não tem muito o que acrescentar. "Mas desde que a imprensa surgiu tem sido assim: cada veículo representa determinados interesses. O senso crítico sempre foi e continua sendo essencial para quem quiser se manter bem informado", disse Edney, para quem jornal, TV e rádio continuarão existindo ainda por um bom tempo, apesar da internet.
A grande revolução provocada pelos blogs, na avaliação dele, é social. "Tiro por mim. Nasci na periferia, estudei em escola pública e tive muita dificuldade para me inserir no mercado formal de trabalho." A internet, no entanto, abriu todas as portas em que ele bateu. "No começo, nem minha família entendia. Achava que eu estava perdendo meu tempo diante do PC. Mas não demorou até que eu começasse a ganhar dinheiro para ajudar em casa."
Outra vantagem de ganhar o pãp na web é a informalidade, disse outro participante da mesa, o criador do bog Byte que eu Gosto, Marcel Dias. "Trabalho em casa, descalço e sem camisa." Mas trabalha muito. "Blogueiro hoje é muito cobrado e julgado pelo conteúdo que produz. Nossa responsabilidade só cresce. Não é só chegar lá e sair publicando qualquer bobagem. Desse jeito não funciona. Ninguém lê e o blog não sobrevive", falou Marcel, que disse ainda não ter pudor algum em admitir que ganha dinheiro com isso. "Brasileiro parece que acha feio dizer que está se dando bem."
E a publicidade online tem tudo a ver com isso. Blog e anúncio são conceitos cada vez mais indissociáveis, confirmaram os participantes da mesa, em uníssono. "O anúncio está lá. Só abre quem quer. Não vejo problema nenhum nisso", opinou Marcel. Antiético, na avaliação de Edney Souza, é não deixar claro o que é conteúdo do blog e o que é publicidade. "Até quando ganho um ingresso ou um produto para testar, deixo claro que ganhei, porque isso certamente vai interferir no meu julgamento." Para ele, honestidade nunca foi atributo tão fundamental a um bom bloqueiro.
