Entre investimentos privados e públicos, parcerias, convênios, patrocínios, empréstimos, concessões e projetos, o setor de tecnologia no Estado deverá crescer bastante a partir deste ano. Não só no sentido econômico, mas também no físico, uma vez que pelo menos 16 projetos de expansão, reforma e construção de novos prédios e instalações estão previstos para serem inaugurados ou terem início em 2014.
Desses empreendimentos, quase um terço faz parte da expansão do Porto Digital no Bairro do Recife e em Santo Amaro. “Temos uma característica diferente de outros parques que é o fato de estarmos espalhados pela cidade, e não num câmpus isolado. Isso tem seu lado bom e ruim”, explica o diretor executivo do Porto Digital, Leonardo Guimarães.
Arquiteto por formação, Guimarães entrou para o Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD) justamente para auxiliar na operacionalização das ações do parque tecnológico dentro da área urbana na qual ele se insere. “A questão imobiliária sempre foi uma agenda não declarada da instituição. Mas quando a gente pensa nas ações associadas a tecnologia, estamos falando de um determinado volume ou escala de investimento, enquanto quando partimos para a construção de empreendimentos, a escala é outra. O jogo está mais em cima”, revela.
Com mais linhas de financiamento e parcerias com as esferas nacionais e estaduais do governo, as instituições comemoram o aumento no investimento em espaços físicos. “Poderíamos até tirar dinheiro do nosso caixa, mas empréstimos como os fornecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com longo prazo e juros baixos, facilitam a operação”, conta o superintendente do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Sergio Cavalcante.
Outra fonte que tem garantido os investimentos recentes – privados ou públicos – é a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. “A Finep reserva R$ 500 milhões para parques tecnológicos de todo o Brasil, com boas condições de financiamento e juros baixos”, completa Guimarães.
Entretanto, em tempos de especulação imobiliária correndo solta, instituições que trabalham com tecnologia veem a demanda por espaço físico aumentar na mesma medida que aumentam os contratos por serviços. Elas acabam sofrendo para crescer com a velocidade desejada. “A estratégia do Porto Digital nesse sentido passa por uma articulação nossa com o mercado privado. Ou seja, é preciso que o investidor privado perceba claramente isso como uma oportunidade. De certa forma, eles até já começaram a perceber, mas da maneira mais ingrata que existe, que é a forma da especulação, de segurar o projeto ou de vender mais caro”, lamenta o diretor-executivo do Porto Digital.
De acordo com os gestores de tecnologia, o problema é que algumas construtoras preferem operar nas áreas onde estão as empresas de TI no sistema “build to suit”, ou seja, só constroem os prédios quando a ocupação estiver garantida. “Esse foi o caso da sede da Oi, no Bairro do Recife, e do prédio da Contax, em Santo Amaro”, lembra Guimarães. “Em outros bairros da cidade, acontece o oposto e funciona muito bem. Aqui, o mercado ainda é muito conservador. Então o Porto Digital acaba tendo que atuar pontualmente para desencadear alguma mudança nessa cultura, como é o caso do prédio da aceleradora Jump Brasil, em Santo Amaro”, conta.
Do lado das instituições públicas, os investimentos também estão vindo, mas o gargalo é a burocracia. “O investimento é importante, mas é necessário pessoas que coloquem para funcionar e isso é, de fato, uma grande dificuldade. Por se tratar de empreendimento gerido pelo poder público, fica um pouco amarrado”, acredita a gerente do Parque Tecnológico de Eletro-eletrônica de Pernambuco (Parqtel), Márcia Lira.