LAS VEGAS (EUA) – Dona de um portfólio que vai de celulares a navios e de sistemas de segurança de dados usados pelo governo americano a máquinas de lavar roupas, a sul-coreana Samsung apresentou, em La Vegas, durante o Consumer Electronics Show (CES), aquilo que acredita ser o seu pacote de produtos da chamada “internet das coisas.”
Trata-se de um termo que começou a circular, desde o ano passado, entre as gigantes do setor de tecnologia e que, em tese, quer dizer a conexão dos diversos aparelhos seja do lar, seja do escritório. A ideia é ajudar a dona de casa e sua família a ter mais facilidades decorrente da automação.
Nas palavras do presidente da Samsung, Boo-Kuen Yoon, a nova tendência terá aplicação ampla. Desde economizar energia a simplesmente usar de maneira racional e conjunta tudo o que já existe nos mais diversos aparelhos. O CES é a maior feira tecnológica do mundo.
Para as empresas, a proposta é mais que fundamental: ajudar a indústria a vender seus novos produtos. O objetivo é fazer a dona de casa trocar tudo na cozinha, e na área de serviço além da TV e do aparelho de som.
Geladeira inoxidável, aspirador de pó que trabalha sozinho, TV curva de até 88 polegadas, smartphone que ganha status de controle remoto geral...Tudo é internet das coisas. Via rede, pode-se acionar todos os aparelhos e tornar a vida mais fácil.
Tudo tem sua lógica. E a lógica atual é evitar que a pessoa tenha em casa produtos subutilizados.
A super TV sem internet e sem serviços extras (aplicativos) vira um objeto de decoração. A máquina de lavar, a geladeira e o fogão que não se conectam não é muito diferente da que a família tem em casa hoje.
A proposta do CES, que terminou na última sexta-feira, foi incentivar as empresas a desenvolverem produtos que dialoguem, independentemente do fabricante. E, claro, que todos vendam.
A Samsung entendeu logo a proposta e tratou de antecipar o discurso. Até porque a sua compatriota LG também tem produtos similares e também tem suas parcerias. A ideia da conectividade faz com que empresas de entretimento como a Netflix e todas gigantes do cinema estejam se agrupando numa aliança de experiências com LG, Samsung e outras.
A indústria automobilística também entra na dança, afinal se existe uma coisa que tem tecnologia da informação é um carro.
Para amparar toda esta interação corporativa e tecnológica, entre a indústria de componentes eletrônicos, como a gigante Intel. A americana anunciou na feira seu novo processador o Curie, que ainda está em desenvolvimento e será do tamanho de um botão.
A Samsung mostrou a que veio. No CES, montou um estande de 1.000 m² que passou três dias lotado.
A partir da TV SUHD que está sendo lançada globalmente e que vai de 55 polegadas a 88 polegadas com uma tecnologia residente que só ela possui, a companhia quer juntar o uso dos monitores de computador (também curvos) com suas geladeiras de 400 litros e quatro portas e suas maquinas de lavar de até 16 quilos.
Assim como fogões e máquinas de lavar pratos e é, claro, uma nova geração de caixas de som Ring Radiator, cujo formato de uma bola de futebol americano embute um novo conceito de qualidade.
Ah, existem também as máquinas de fitness que trabalham o corpo ligadas ao relógio digital Geer VR S. Conectados a sistemas de automação de uma BMW, ele retira o possante da garagem sozinho.
Nesta festa interativa, não podia faltar os óculos de realidade virtual que as crianças podem ficar jogando a partir dos seus celulares ou tablets. Essa conexão é possível porque tudo é gerenciado por um hub especialmente desenvolvido pela Smarthing, outra parceira da Samsung .
Mostrados no CES deste ano de forma conjunta, esses produtos são encontrados na concorrência. A diferença é que a Samsung partiu na frente dizendo ao mundo que eles podem se “falar” ou estarem juntos na internet. E é isso que pode gerar um novo negócio para empresas que são líderes em tecnologia de suas áreas.
No caso da TV SUHD, por exemplo, a Samsung fechou uma parceria com Amazon, Directv, MGO Moveis+TV, 20 Century TwentFox Home, UltraFlix e Xfinity que já faz a TV SUHD ter embarcados acesso a 500 títulos. Para os óculos de realidade virtual, a parceria é com a Slacker.
Tem mais: para turbinar as vendas das linhas de refrigerador, micro-ondas, fogões elétricos a Samsung criou até um clube de pesquisas que junta as especialistas em sobremesa de chocolate Michel Troisgrois, o chef Daniel Boulud e Chistopher Kostow para criar soluções para sua linha de produtos. Ainda este ano a campanha deseja cria o Club Gourmet com renomados chefs brasileiros.
É claro que a dona de casa no Brasil ainda vai demorar para poder usar tudo isso na sua casa ou apartamento. Mas como o Brasil é uma linha de prioridade da Samsung (60% de tudo que a companhia vende na América Latina), é certo que a maior parte dos produtos vai estar na casa de milhares delas.
A aposta da Samsung no CES faz todo sentido. Hoje a companhia coreana lidera os mercados de celulares, tablets, TV, ar-condicionado. E projeta ser campeã de vendas também na linha branca.
Na prática, a Samsung tem hoje em média 6 pontos de vantagem no setor de TV Smart, mas o objetivo é chegar a 10. Para isso, aposta na TV curva de 8K.
Ricardo Macedo, que cuida da companhia no Nordeste, revela que a aposta no mercado já tem resultados surpreendentes. A linhas de mini-systems de alta potência, um produto criado pela Sony para o Brasil, já e liderada pela Samsung no Nordeste depois da campanha do cantor Wesley Safadão.
A Samsung também já lidera o mercado de monitores (ainda que hoje por pequena margem no mercado brasileiro), para computador, segmento em que virou referência desde os aparelhos com tubo de imagem.
A nova aposta é na linha de monitores curvos que prometem virar tendência, pois como o usuário está sempre sentado na frente do aparelho tem todo o potencial da tecnologia no uso, seja doméstico ou corporativo.
*O jornalista viajou a convite da Samsung