SÃO PAULO – Um sistema operacional para todos dominar. Baixou o espírito Senhor dos Anéis na Microsoft e a empresa quer unir smartphones, tablets, PCs, videogames e enfim, todas as plataformas num único Windows em sua versão definitiva. O objetivo disso é facilitar a vida de usuários bem como de desenvolvedores – esses últimos foram alvo do evento realizado ontem em São Paulo. O Windows 10 tem previsão de lançamento para o segundo semestre.
Leia Também
Anualmente, a Microsoft apresenta suas ferramentas para desenvolvedores na conferência Build, realizada no final de abril, nos Estados Unidos. Entretanto, a empresa fez diferente em 2015 e levará o evento para 26 países, sendo a primeira parada o Brasil (mais especificamente, o estádio Allianz Parque, onde o Palmeiras manda seus jogos). Programadores, engenheiros de software e analistas brasileiros puderam conhecer em primeira mão as novidades que a Microsoft planejou – que não são poucas.
“Essa é a maior oportunidade que já tivemos. Criamos um sistema operacional que rodará em todos os dispositivos, do Raspberry Pi ao Xbox One e planejamos leva-lo a um bilhão de dispositivos nos próximos dois anos”, conta o evangelista técnico e de desenvolvimento da Microsoft, Pete Brown (que, apropriadamente, fez sua apresentação vestido como um árbitro de futebol). Para tal, a empresa irá oferecer o upgrade do sistema operacional gratuitamente para todos os seus usuários – sem contar os piratas, claro – no primeiro ano do lançamento do Windows 10. “Dessa forma, teremos já de cara milhões de usuários. É um grande mercado e acreditamos que fizemos tudo certo dessa vez”, acredita Brown.
Para que os aplicativos desenvolvidos para o novo sistema funcionem com a mesma performance nas mais diferentes plataformas, a Microsoft lançou o conceito de Universal Windows Platform, que permite aos desenvolvedores criarem um único aplicativo que possa ser usado em diversos dispositivos. “Ao utilizarmos uma só linguagem de forma consistente podemos tanto fazer com que a solução se ajuste automaticamente para cada plataforma ou personalizar a experiência do usuário em cada device, afinal usar a tela sensível ao toque ou o mouse não é a mesma coisa”, afirma o evangelista da Microsoft. Da mesma forma, computadores, smartphones, tablets e outros aparelhos dividirão a mesma loja e aplicativos. “Da forma como acontece hoje, cada loja tem suas especificidades de aprovação e regras. Vamos unificar tudo”, completa.
Isso significa que os recursos de uma plataforma também poderão ser utilizados nas outras, como a identificação por biometria do Windows 10, notificações, acesso à câmera e aos contatos do usuário, bem como calendário e outras ferramentas. “O mesmo vai valer para as soluções desenvolvidas em web que rodarão no Edge, o browser criado especificamente para o novo sistema operacional”, explica o gerente sênior da divisão de Experiência do Desenvolvedor na Microsoft, Jeff Burtoft. Em testes de benchmark realizados pela empresa, o navegador atingiu performances superiores ao Chrome e o Firefox (do Internet Explorer então, nem se fala...), utilizando inclusive ferramentas de testes criadas pela própria Google e pela Apple. “O Edge é um aplicativo universal, que levará as soluções web para as diversas plataformas, até mesmo a nossa loja online”, afirma Burtoft.
INTERNET DAS COISAS - Um sistema operacional que roda igualmente em qualquer dispositivo aponta para um futuro em que variados aparelhos poderão estar conectados e dividindo as mesmas aplicações. É a maneira Microsoft de chegar com força na Internet das Coisas. E a medida mais radical dessa estratégia (e que talvez possa salvar o setor mobile da empresa) é que o Windows 10 terá suporte para apps do Android e iOS.
A ideia é que desenvolvedores possam aproveitar parte de códigos escritos para Java e C++ (principais linguagens do Android) ou Objective C (iOS) e assim criar versões compatíveis Windows de forma mais fácil. O mesmo acontecerá para o óculos de realidade virtual da Microsoft, o HoloLens, que também rodará a nova versão do sistema operacional. O aparelho é a resposta da empresa para o alto investimento que diversas marcas – como o Facebook e a Sony – estão fazendo no setor.
O sistema operacional ainda terá suporte aos minicomputadores Raspberry Pi 2, Galileo e Arduíno, de forma que possa ser usado também em robôs, dispositivos inteligentes e em automação residencial ou industrial. Para garantir a adesão em massa dos desenvolvedores, a empresa abriu suas portas através do programa Insider (insider.windows.com) onde os profissionais podem receber informações privilegiadas e dar feedback das suas experiências, e disponibilizou o kit de desenvolvimento do novo Windows (dev.windows.com).