Inovação

Startup local cria detector de câncer

Com uma gota de sangue, o aparelho portátil desenvolvido pela Bio será capaz de identificar até 18 tipos de tumor. Sócias precisam de ajuda para ir aos EUA

Renato Mota
Cadastrado por
Renato Mota
Publicado em 02/06/2015 às 6:34
Reprodução
Com uma gota de sangue, o aparelho portátil desenvolvido pela Bio será capaz de identificar até 18 tipos de tumor. Sócias precisam de ajuda para ir aos EUA - FOTO: Reprodução
Leitura:

Um aparelho portátil que, com apenas uma gota de sangue, é capaz de identificar até 18 tipos de câncer e pode ser usado por qualquer pessoa. Esse é o projeto da startup pernambucana Bio, que levou medalha de prata do iGEM – competição mundial criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no ano passado – e agora está de olho numa vaga para o curso de empreendedorismo da mesma universidade. 

O problema é que, mesmo tendo sido selecionada entre 60 mil startups e empreendedores inscritos no MIT, a empresa não tem como arcar com os custos das passagens para Boston (onde será realizado o curso) e hospedagem. Para tentar levantar o dinheiro necessário, foi criada uma campanha de financiamento coletivo com meta de R$ 30 mil.

“Tivemos muito apoio da universidade na pesquisa acadêmica, mas para desenvolver o biossensor como um produto para o mercado tem sido mais difícil”, explica a biomédica Deborah Zanforlin, uma das fundadoras da Bio. Por isso, um dos principais alvos no MIT são, além dos conhecimentos adquiridos para tirar o protótipo do biossensor do papel, os investidores que estarão atentos aos melhores projetos apresentados ao longo do curso. “Avaliamos que com R$ 2 milhões conseguimos concluir as pesquisas e realizar todos os testes que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige em até dois anos, para já colocar o produto no mercado. O retorno desse investimento pode ser feito em três ou quatro anos”, calcula Deborah. 

O biossensor utiliza um metachip com um sistema de screening e diagnóstico portátil que utiliza amostras de sangue para reconhecer marcadores presentes nos estágios iniciais dos diversos tipos de câncer, como pulmão, pâncreas, fígado, estômago e outros. “O chip faz a detecção no paciente de moléculas de microRNA que são associadas a alguns tipos de câncer. Esse tipo de detecção já é usado em alguns casos, mas a maioria dos pacientes só descobre a doença quando ela já está no estágio sintomático. Com o biossensor, queremos contribuir para a detecção precoce”, conta a biomédica.

Um projeto anterior, voltado para a detecção do câncer de mama (que foi finalista do iGEM), foi desenvolvido quando as sócias da Bio eram ainda pesquisadoras do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da UFPE, e do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). “Para o diagnóstico de câncer de mama, o biossensor já está na fase de testes com pacientes. Para outros tipos, ainda temos que trabalhar no metachip, mas como é só uma questão de medição de diferentes níveis de microRNAs – e não de outras substâncias –, essa parte não deve demorar”, afirma Deborah. 

Últimas notícias