O governo prepara uma nova versão do regime automotivo, conhecido como Inovar-Auto, para incluir a política de estímulo à produção de carros híbridos (que podem usar eletricidade e combustíveis) no Brasil. E a redução do Imposto de Importação para esses veículos, anunciado há alguns dias, foi o início do processo de incentivo à fabricação local de veículos movidos a vários tipos de combustível por aqui.
“Abrimos as portas de início para o importado. Queremos que, mais para a frente, ele seja fabricado progressivamente no Brasil. Mas a primeira porteira que tem de abrir no Brasil é o consumo. Ninguém vai produzir carro aqui sem saber se o consumidor vai querer”, disse o secretário substituto de Desenvolvimento da Produção do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alexandre Comin, ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
A nova versão do regime automotivo deve estabelecer prazos às empresas para fazer a agregação de valor e iniciar a produção no País. As indústrias habilitadas beneficiadas pelo estímulo tributário terão que participar das fases seguintes.
Uma das primeiras etapas deve ser a conversão do motores. Todos os veículos importados funcionam com motor a gasolina e elétrico. O Inovar-Auto deve exigir a conversão, no Brasil, dos motores para flex, de forma a permitir também o uso de etanol como combustível.
Imposto
A redução do Imposto de Importação, de 35% para alíquotas que variam de 7% a zero, entrará em vigor na próxima quarta, dia 1.º de outubro. A tributação é menor para os carros com menor consumo energético e maior grau de agregação de valor no Brasil.
O governo espera que menos imposto leve ao barateamento do preço do carro ao consumidor e à criação de um novo mercado para as montadoras.
“O automóvel é um dos bens de consumo que tem a maior elasticidade de preço que eu conheço. Você reduz 10% do preço e o consumo aumenta 30% a 40%”, diz Comin.
Existe um mercado frotista, como locadoras e táxis, para o qual o carro híbrido pode ser interessante por sua economia de combustível. Comim admite, no entanto, que os veículos híbridos devem levar anos para ocupar uma fração do mercado.
A demanda atual por veículos híbridos é muito baixa. Os dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), repassados ao Mdic, mostram importação de 453 unidades em 2013. De janeiro a agosto deste ano, foram 515 automóveis. “A demanda hoje é mínima. Quem está importando são as montadoras para testar. Ainda é caro”, avalia o secretário. A frota de carros híbridos no Brasil é de 1.062 veículos.
Comin diz que o investimento produtivo das montadoras nesse momento será muito pequeno. O maior gasto deve ser com publicidade para promover a nova tecnologia. Além de abrir mercado, o governo considera que a indústria ainda terá o desafio de criar a infraestrutura de pós-venda para a manutenção desses veículos, incluindo formação de mão de obra, o desenvolvimento de uma rede de fornecedores locais.
Na quarta, entra em vigor a última etapa do Inovar-Auto. O sistema eletrônico de acompanhamento das peças utilizadas pelas empresas vai começar a funcionar para fazer a chamada rastreabilidade. O regime automotivo definiu um porcentual gradual de regionalização dos veículos para que as empresas tenham direito à redução do IPI. Nesta semana, o MDIC definiu por portaria os insumos estratégicos que serão considerados para aferição da meta de regionalização das peças. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.