MECÂNICA

Errar de combustível na hora de abastecer pode quebrar o motor

Apesar da maioria dos veículos no Brasil terem motor flex alguns funcionam apenas com gasolina ou diesel

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 24/04/2016 às 14:57
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Apesar da maioria dos veículos no Brasil terem motor flex alguns funcionam apenas com gasolina ou diesel - FOTO: Arquivo/JC Imagem
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Mais de 80% dos carros vendidos no Brasil são equipados com motores bicombustível, ou seja, podem queimar etanol ou gasolina e ainda a mistura de ambos em qualquer proporção. Os motoristas brasileiros estão tão acostumados com o carro flex que muitos nem prestam atenção na hora de parar no posto de combustível. Simplesmente mandam completar o tanque. O problema é que muita gente tem optado pelos veículos importados, e muitos queimam apenas gasolina. Fazer confusão na hora do abastecimento vai, no mínimo, afetar o desempenho do automóvel e pode chegar a quebrar o motor.

São várias as situações. Se o motorista se distrair e o frentista encher o tanque de um carro a gasolina com etanol é bronca certa. “O motor pode não ligar ou andar falhando”, alerta Robson Lins, gerente de oficina da revenda Volkswagen Meira Lins, no Recife. Segundo ele, se quantidade do combustível errado for pequena, a saída pode ser rodar até esgotar o combustível. Mas, se proporção for grande, é melhor levar o automóvel até uma oficina antes que o estrago seja maior. Robson Lins explica que a gasolina brasileira contém cerca de 27% de álcool puro, enquanto o etanol vendido nos postos é uma mistura de álcool e água. E isso faz muita diferença. “O motor feito para usar apenas gasolina aceita a mistura com álcool da gasolina brasileira, mas vai falhar se for abastecido exclusivamente com o etanol. E, se o motorista insistir em rodar com o carro nessas condições inadequadas, pode agravar o problema”, diz.

O principal componente afetado nesses casos é o sistema eletrônico de injeção. Ele pode até ter os bicos injetores queimados por uso de combustível inadequado. O gerente da concessionária lembra o caso recente de um Jetta que chegou na sua oficina. O sedã importado tem motor a gasolina e foi abastecido com etanol. Robson contou que foi preciso retirar o tanque do carro para esgotar o etanol e fazer uma limpeza. Os bicos injetores também foram limpos. Em um carro popular um conserto como esse custa em torno de R$ 480. Mas, caso os bicos injetores tenham sidos afetados, o reparo é bem mais caro. Um motor 1.0 tem três ou quatro bicos injetores, dependendo do modelo. Substituir apenas um bico injetor, custa em um VW Gol, por exemplo, R$ 650. Fora a mão de obra de R$ 220.

Se a confusão na hora de abastecer envolver um veículo movido a diesel o problema é bem maior. Robson Lins explica que o diesel é um combustível de características bem diferentes. Por ser oleoso, é um líquido mais pesado. E botar diesel num carro a gasolina ou flex é estragar o motor na certa. Se no caso contrário, abastecer um carro diesel (geralmente SUV ou picape) com etanol ou gasolina também não é boa coisa. O motor não vai nem funcionar e o risco de danificar componentes internos é grande. O motor pode até travar e o conserto deste tipo de propulsor sai caro. Em torno de R$ 6 mil e R$ 10 mil. Geralmente, os frentistas dos postos de abastecimento são orientados a perguntar ao motorista que tipo de combustível ele vai utilizar. Mas cabe ao dono do carro ficar atento e orientar o frentista de maneira correta para não passar por apuros depois.

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