EDUCAÇÃO

Casal de mineiros desbrava o Brasil a bordo de um motorhome

Renato Weil e Glória Tupinambás estão na estrada desde dezembro do ano passado. Já passaram pelo Nordeste, Sudeste e Sul. Em 2017 vão percorrer a América Latina

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 14/08/2016 às 10:00
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O casal de mineiros Renato Weil, 45 anos, e Glória Tupinambás, 34, percorre o País em um motorhome. Desde dezembro do ano passado eles deixaram Belo Horizonte para desbravar estradas e paisagens brasileiras. Batizaram a empreitada de A Casa Nômade. Já passaram pelo Sudeste, Sul e Nordeste. Visitaram 16 Estados dessas regiões. Até dezembro seguirão pelo Centro-Oeste. Terminam 2016 na Patagônia argentina, de onde partirão para uma viagem por 15 países das três Américas, numa jornada que deve durar quatro anos.

Os 30 mil quilômetros marcados na Mercedes-Benz Sprinter 515, que virou moradia da dupla, foram registrados no Recife, onde Renato e Glória estiveram mês passado. Para transformar o veículo em casa foram necessários cinco meses. Toda a adaptação do automóvel foi acompanhada de perto por Renato na capital mineira.

Dentro de uma cabine com menos de 10 metros quadrados cabem cama, armário, guarda-roupa, geladeira, fogão e banheiro. “Preferimos adquirir a Sprinter e adaptá-la, em vez de comprar um motorhome pronto. Além do investimento ser menor, montamos do jeito que queríamos”, explica Renato. Gastaram R$ 100 mil mais R$ 60 mil para transformá-lo em residência móvel. Segundo ele, a despesa seria de R$ 300 mil se tivessem comprado o motorhome.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Fogão, pia, mesa e geladeira compõem a "cozinha" da residência móvel - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Banheiro é tão pequeno que privada se desmonta na hora do banho - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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No motorhome, Glória e Renato já visitaram os 16 Estados do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Colchão do casal foi trazido da residência que eles tinham em Belo Horizonte - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Uma moto, guardada numa "garagem" que fica embaixo da cama do casal, é usada nas estradas de terra - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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No Recife, motorhome ficou estacionado na Rua da Aurora, próximo do Banco Central - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Máquina de lavar roupas fica em um compartimento do lado de fora do veículo - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Renato Weil/Divulgação
Motorhome já percorreu mais de 30 mil quilômetros nas estradas brasileiras - Renato Weil/Divulgação
Renato Weil/Divulgação
Renato e Glória na Chapada Diamantina, na Bahia - Renato Weil/Divulgação
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Uma das belas fotos feitas pelo fotógrafo Renato - Renato Weil/Divulgação
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O Delta do Parnaíba, no Piaui, foi outro ponto turístico do Nordeste visitado pelo casal - Renato Weil/Divulgação
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Farol de Galinhos, um dos belos locais para visitar no Rio Grande do Norte - Renato Weil/Divulgação
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Lençóis Maranhenses foi o local mais ao Norte do País que o motorhome dos mineiros esteve - Renato Weil/Divulgação
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Renato e Glória com o Morro do Careca, em Natal (RN), ao fundo - Renato Weil/Divulgação
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Na parte de trás do veículo, casal cola bandeiras dos países que visitou nos cinco continentes - Renato Weil/Divulgação
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Vista fantástica da Serra da Piedade, em Minas Gerais - Renato Weil/Divulgação
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Glória e Renato na Praia de Trancoso, no Sul da Bahia - Renato Weil/Divulgação

 

“A geladeira, o fogão e colchão trouxemos da nossa casa de Belo Horizonte. É bom porque se quisermos, no futuro, vender o carro será mais fácil pois dá para desmontar”, diz Glória. Os armários têm travas para evitar que as portas se abram com o balanço do automóvel. Os pratos são guardados com calço feito com isopor. “Tudo tem que ser bem guardado porque se passamos por uma estrada de poeira, entra na nossa casa. E não tem lava-jato que resolva”, diz Glória.

Para que dentro da cabine o calor não seja insuportável, Renato optou por usar o mesmo material utilizado em câmaras frigoríficas. O baú é revestido com alumínio, isopor, compensado naval e fibra de vidro. A água usada pelo casal vem de duas caixas d’água que somam 500 litros, quantidade que dá para mais ou menos uma semana. Para enchê-las novamente, eles dependem da boa vontade de moradores e comerciantes que abrem suas torneiras.

A água quente do banho é obtida com gás. Como o banheiro é muito pequeno, a privada é desmontada para dar lugar ao chuveiro, que fica acima dele. Uma placa de energia solar garante o funcionamento da geladeira, de três lâmpadas, do computador, dá para carregar o celular e faz a bomba d’água (igual a usada em barcos) funcionar.

A máquina de lavar roupas fica num compartimento do lado de fora do carro. Esse eletrodoméstico e o ar-condicionado são abastecidos com energia elétrica. Só são usados, portanto, quando Renato e Glória param em algum lugar com tomada.

Por precaução, eles têm um gerador que até hoje não precisou ser ligado. Como trafegam em estradas que não são asfaltadas, uma moto, guardada numa “garagem” que fica abaixo da cama do casal, garante a mobilidade em vias de terra.

PELO MUNDO


A ideia de ganhar o mundo em um motorhome surgiu depois que Renato e Glória passaram um ano e meio viajando por 33 países, de maio de 2012 a novembro de 2013. Em uma década de vida em comum – os dois se conheceram em um jornal mineiro, onde Glória era repórter e Renato, fotógrafo – visitaram 59 países dos cinco continentes.

“Além de tornar as viagens mais baratas, temos mais liberdade usando o motorhome. Fazemos um planejamento, mas podemos ficar mais ou menos tempo em cada lugar. Se a vizinhança ou o local é bom, permanecemos mais. Em alguns lugares fechamos parcerias e ficamos hospedados em hotéis”, explica Glória.

No mapa do Brasil, os Lençóis Maranhenses foi o ponto mais ao Norte que a dupla esteve a bordo da residência móvel; ao Sul, o município de Torres, no Rio Grande do Sul. De Pernambuco, o casal se derramou em elogios para a Praia de Carneiros, no Litoral Sul (distante 104 quilômetros do Recife). Na capital pernambucana, estacionaram o veículo na Rua da Aurora, um dos cartões postais da cidade, no Centro.

Quando estão em cidades grandes, eles optam por parar o veículo em pontos que tenham movimento e garantam segurança. No caso do Recife, por exemplo, o carro ficou perto do Banco Central. Não gostam de pernoitar perto de postos de gasolina porque são barulhentos. Curioso é que em muitos interiores são confundidos com vendedores.

A Casa Nômade tem patrocínio da rede de combustíveis Ale. A Mercedes-Benz garante manutenção e revisão da Sprinter. “Nosso quintal é o mundo. Embarcamos um no sonho do outro. Aprendemos muito, conhecemos lugares e pessoas incríveis”, resumem os inquietos viajantes. Acompanhe-os no www.acasanomade.com.br.

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