Assaltos a agências bancarias; assaltos a ônibus; assaltos nas ruas. Esta tem sido a realidade brasileira nos últimos meses. Junto com o aumento da violência também cresceu a busca por estratégias de segurança. Blindar o veículo de uso pessoal é uma delas. “A procura por informações sobre a blindagem aumentou e só não fechamos mais serviços porque o poder aquisitivo das pessoas caiu”, diz Fernando Miranda, diretor financeiro da Afonte Blindagens, uma das seis blindadoras de grande porte que funciona na Região Metropolitana do Recife.
BLINDAGEM
Para blindar um veículo de porte médio, como um sedã ou SUV compacto, o custo fica em torno de R$ 45 mil a R$ 50 mil para a proteção nível IIIA, a mais procurada no mercado. Ela oferece resistência a disparos de armas como pistola .40 e submetralhadora 9 mm. Existem outro cinco níveis de proteção, de acordo com o material utilizado, para tornar a carroceria a prova de balas. A princípio, qualquer carro pode ser blindado, explica Fernando Miranda, desde que esteja mecanicamente perfeito. “O serviço só é feito depois que o veículo passa por uma vistoria no Detran”, diz Fernando. A grande maioria dos automóveis transformados é zero km, mas há quem procure blindar veículos seminovos.
Como a blindagem acrescenta quase 200 quilos ao peso original do veículo não é recomendado para automóveis com motores abaixo dos 100 cavalos de potência. De acordo com os especialistas os donos de carros com valor acima dos R$ 100 mil são maioria entre os que procuram pelo serviço, mas hoje não é raro ver o dono de um veículo intermediário nas lojas especializadas. Fernando Miranda lembra a necessidade da volta a empresa blindadora regularmente para uma revisão. “Recomendamos que uma vez por ano sejam verificados os acionamentos das portas e vidros e estado dos amortecedores”, recomenda Miranda.
Todo o processo de blindagem de um veículo dura em torno de 60 dias. É preciso pedir autorização ao Exército Brasileiro, que regulamenta o setor, e vistoriar o carro no Detran. O documento do veículo (CRV) ganha uma observação registrando que o automóvel é blindado. Geralmente as empresas blindadoras oferecem serviços de despachantes para cuidar dessa parte burocrática. Na blindadora o carro tem o interior todo desmontado. Forração do teto, forros das portas e todos os vidros são retirados.
O interior das portas, teto, caixa de rodas e tampa traseira recebem uma manta de aramida, espécie de malha cinco vezes mais resistente que o aço. Os vidros que substituem os originais são especiais, formados por lâminas de vidro e plástico, numa espécie de sanduíche de várias camadas. Antigamente os vidros blindados da janela de tão pesados não podiam ser abertos mais que poucos centímetros, agora, com uso de pequenos amortecedores no interior das portas, a abertura chega a 80%.
As colunas da carroceria são reforçadas com uso de aço. Um serviço pouco procurado é a proteção dos pneus. As rodas podem receber uma cinta de borracha sólida para continuarem rodando mesmo com os pneus perfurados. O material custa cerca de R$ 6 mil o jogo para as quatro rodas. Não é necessário uma carteira de habilitação especial para dirigir um carro blindado mas as reações do veículo mudam. Depois que o carro recebe a proteção, pelo peso acrescentado, a estabilidade e a frenagem ficam mais comprometidas e o consumo de combustível aumenta um pouco.
