A morte de um advogado de apenas 37 anos de idade, vítima de um choque elétrico em um fio de alta tensão pendurado no meio da rua, à rede elétrica, no Bairro Nobre de Boa Viagem, jamais pode ser vista como uma fatalidade. Fico imaginando o que acontece nos subúrbios recifenses e da RMR, nas cidades do Interior e em todos os lugares habitados pela pobreza invisível, esquecida pela elite.
Não tem nada de fatalidade!
Apenas revela a irresponsabilidade e omissão da Companhia Energética de Pernambuco, Celpe, que se move, exclusivamente, na direção de lucros fabulosos para enviar dólares aos patrões espanhois, como denunciou, no ano passado, o governador Eduardo Campos.
Desde que a Empresa foi privatizada, manutenção deixou de ser norma e passou a ser vista como despesa desnecessária, diminuição de lucros.
Nunca, como investimento para prestação de um serviço de melhor qualidade, mais eficiente, mais seguro. Tudo foi terceirizado.
Hoje, a Celpe só aparece quando quebra alguma coisa no meio da rua. Anteontem, mesmo, na Rua em que moro, Jornalista Edson Régis, no Jardim Atlântico, por volta das 23h30, o fio de um poste do lado oposto à minha casa pegou fogo e depois caiu. Felizmente, faltou luz e o fio ficou lá, sem energia, que somente voltou às 04h20 da madrugada de ontem. Ontem à noite, por volta das 20h00, faltou luz, de novo.
Basta uma chuvinha de nada, para faltar luz, dar um apagão.
Sabe por que? Os transformadores estão podres, enferrujados. As bananas nos postes, também. Gringo acha que manutenção é despesa desnecessária, principalmente, para prevenir "fatalidades" em benefício de nordestinos, pernambucanos, um povo menor.
Na Avenida Agamenon Magalhães, por exemplo, no trecho local à esquerda que corta Santo Amaro, antes da Avenida Norte, tem um transformador num poste que está podre, todo enferrujado. Isto, já há alguns anos. Qualquer dia, explode e cai, matando mais gente.
Será mais uma fatalidade? Ou irresponsabilidade, omissão e gula financeira? ernambuco devia ter parlamentar raçudo para lutar pela reestatização da Celpe. Energia elétrica não é, só, para dar lucros exorbitantes a empresários.
Energia é um serviço público essencial para a qualidade de vida da população e segurança do País. Tem que ter o dedo do Estado, compromisso político com a totalidade da população. Jamais, pode ser moeda de capitalistas neoliberais que faliram o mundo afora, como Espanha e Portugal e já ameaça até a Suécia, que já começa a sofrer com o fracasso da receita globalizante imposta pelo Tio Sam.
Prefiro a Celpe do tempo do Estado, tão bem retratada pelo Mestre Vitalino, na sua fabulosa arte no barro. Quem não se lembra daquele boneco de barro, com a roupa da Celpe, pendurado num poste, no meio da rua? Hoje, assistir a uma cena daquela retratada por Vitalino, em qualquer rua de Pernambuco, é a mesma coisa que encontrar uma cobra com pernas ou uma mosca branca, no meio do caminho.
A matéria do Jornal do Commercio informa, no final, que “a Celpe enviou nota comunicando que está apurando as causas da ocorrência. A Empresa informou que prestará o auxílio necessário à família da vítima e se colocou à disposição”. Será preciso mesmo, ainda, apurar as causas? A resposta está na precisa manchete de capa do Jornal do Commercio desta quarta-feira, 13 de junho de 2013, Dia de Santo Antônio: Morte expõe descaso.