Apesar dos conflitos, diferenças entre as gerações trazem diversidade de ideias ao mercado de trabalho
Os mais velhos acham que os jovens são imaturos e precisam ter mais estrada para opinar, enquanto os mais jovens acreditam que os mais experientes são ultrapassados e têm ideias datadas
Nas últimas semanas, um assunto ganhou destaque nas redes sociais: as diferenças entre a Geração Y ou millenials, nascidos entre 1981 e 1996, e a Geração Z, nascidos a partir de 1997. E como era de se esperar, os mais jovens questionam o comportamento dos mais velhos e buscam romper com os hábitos deles. O termo cringe – ou vergonha alheia – tornou-se popular e a brincadeira foi inevitável. A Geração Z não perdeu a chance de elencar uma série de hábitos dos millenials que eles consideram ultrapassados, como usar emojis e ter conta no Facebook. E no mercado de trabalho não é diferente. Apesar de algumas semelhanças, as duas gerações que coexistem no dia a dia das empresas, também têm suas diferenças.
Na verdade, não são apenas essas duas gerações que estão ativas no mercado. Os Baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964, e a Geração X, nascidos entre 1965 e 1980, ainda estão plenamente ativos e atuantes. E, naturalmente, as diferenças de ideias e objetivos geram conflitos, na mesma medida que são extremamente ricas, com trocas interessantes de ideias que trazem inovação e novos rumos, que só a diversidade consegue gerar.
Uma pesquisa divulgada em 2020 pela consultoria de recrutamento e seleção Handstad mostrou o que as diferentes gerações procuram em uma empresa. Para 37% da Geração Z, entre 18 e 24 anos, o que importa são oportunidades de treinamento. Para a Geração Y, com profissionais de 25 a 34 anos, 27% preferem um emprego bem localizado. Para a Geração X, de 35 a 54 anos, 32% consideram o regime flexível um fator importante. Já os profissionais mais experientes optam por melhores oportunidades de carreira. Esse é o caso de 57% dos Baby boomers entrevistados, de 55 a 64 anos.
A pesquisa também buscou entender os motivos pelos quais os colaboradores permanecem ou saem de uma empresa. Para a Geração Z, 34% permanecem quando o empregador possui uma administração robusta e 25% saem por falta de desafios suficientes no emprego. Na Geração Y, 32% optam por ficar na companhia quando têm bom conteúdo profissional e 22% preferem sair quando a organização oferece poucos benefícios ou nenhum. Entre a Geração X, 52% ficam na empresa por conta de salário e benefícios atraentes e 37% perdem o interesse por falta de reconhecimento ou recompensas. Já entre os Baby boomers, 38% continuam quando tem saúde financeira ou promove um ambiente de trabalho agradável e 33% saem por terem poucas alternativas flexíveis de trabalho.
Esses números mostram que a principal diferença entre as gerações está ligada ao propósito e a jornada. Os mais experientes optam por mais segurança, pela construção de uma carreira sólida em sua área de atuação e a solidez que a empresa oferece. Para eles, a segurança de ter um emprego numa empresa consolidada é essencial. Os mais novos buscam novidades, o prazer em trabalhar e construir algo do zero. Para eles o que importa é o aprendizado, a construção do conhecimento e da história da empresa.
E por terem objetivos e pensamentos diferentes, os conflitos são inevitáveis. Os mais velhos acham que os jovens são imaturos e precisam ter mais estrada para opinar, enquanto os mais jovens acreditam que os mais experientes são ultrapassados e têm ideias datadas.
A empresa, por sua vez, deve ter na sua cultura um pilar indispensável: o respeito a diversidade de ideias e ao próximo. Com isso, ela conseguirá extrair o melhor de cada geração. Também é importante que faça uma análise criteriosa de quais são as principais qualidades de cada grupo de profissional, além de entender as qualidades e limitações dos seus colaboradores.
Por vezes, focamos tanto nas diferenças e no receio da relação entre as diferentes gerações no ambiente de trabalho, que esquecemos que essa mistura pode dar excelentes resultados. Em geral, baby boomers têm maior dificuldade com a tecnologia, ao contrário das Gerações Y e Z. Quando o assunto são comportamentos, a estabilidade emocional é o ponto forte da Geração X, o oposto da impulsividade multidisciplinar dos Y, que têm personalidade individualista e relacionada a seus próprios valores pessoais, além de serem extremamente conectados. E é aí que está a graça de todos trabalharem juntos: a diversidade. A empresa tem o papel quebrar os estereótipos, sem criar rótulos para cada grupo de profissional; tem que estimular a comunicação no ambiente de trabalho, não deixando prevalecer as ideias de um determinado grupo em detrimento de outro, criando assim, uma boa convivência entre os diferentes.
Para ter o melhor de cada geração no ambiente de trabalho a empresa tem que estar atenta ao perfil de cada profissional e tirar suas melhores competências. Assim, todos poderão contribuir com os resultados esperados.